segunda-feira, 10 de março de 2008

A tristeza



A tristeza é um pano escuro que cai em cima de tudo.
Neste palco, que é a vida, uma cortina preta desce, encerrando o espetáculo. Essa cortina é a tristeza, que torna todas as coisas iguais. Das mais bonitas às triviais. Todas as coisas com o mesmo valor. É a tristeza com seu bolor, tornando tudo mofado, tomando o brilho das cores, os sons naturais, ou artificiais. Tudo fica insosso.
Tenho medo da tristeza.
E o medo é outra coisa. É o freio da vida. E o que dói de verdade, é que ele não protege a gente de nada. Só impede.
Se a vida tem um rumo certo, ora, pra que serve o medo? Não sei, só sei que é o medo que me mantém onde estou. E o medo de ter medo também.
E a lembrança da tristeza que já senti. A pena de mim.
A pena é outra coisa. E a dó, quando é de si, ora, é o caminho por onde a tristeza pisa pra alcançar a gente.
E a tristeza encerra todas as coisas. Até o medo. De todos os sentimentos, só fica ela. Senhora de todas as coisas.
Até o medo se vai. E retorna, só e apenas, depois que a tristeza se vai.
O medo da tristeza.
É o que sinto agora.
Prefiro o tédio. Este vazio. Porque no tédio, que é outra coisa, sei distinguir o vazio.
Na tristeza só vejo o pano escuro em cima de tudo que um dia eu gostei, ou não gostei. Em cima de tudo o que eu nem sei mais.

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