sábado, 15 de março de 2008

Ser andante, mas só se for pra dormir sob as luzes da Paulista






Queria passar a noite acordada. Ter tempo pra mim. Tempo pro que eu quero fazer.
O sono me chama.
Os sonhos me escapam.
Que difícil a vida! Uns dias mais difíceis que os outros. Ou mais nítidos?
A nitidez acaba comigo! Porque no claro vejo que não sou ninguém.
Ninguém, nada de especial.
Vejo que apesar dos esforços que tenho feito, ou julgo ter feito, não há nada para deixar de memória, nada de nobre, nada de grande.
Só o ordinário. Ás vezes nem isso.
No amor, no trabalho, na família, sempre a dificuldade. Sempre um temperamento variável e... difícil... E uma adaptação vagarosa e... difícil. A tudo. A todos. Às novidades. Ou à rotina. Ao mundo enfim. A mim.
Vontade de escrever tanto pra ficar pra sempre um pedaço do que eu pensava ser o melhor. Mas, escrevo e vejo apenas o de sempre, o ordinário. E desanimo.
Às vezes quero descer. Parem o mundo. Às vezes me canso. Como hoje. Cansada da vida. De tanta dificuldade aqui dentro e tão pouca realização.
Me canso e queria só ser uma andante. Sonhar sob as luzes da Paulista. Desistir do tão pouco que sou. Me envergonho. E do muito que penso ser. Do muito que sinto. De tão grandes coisas que me fazem tão capaz de ser triste.
A consciência é o que me aflige. O que me diferencia.
De resto, sou ordinária, quase ninguém. Apenas uma menina, já velha, girando em torno e contemplando o que sente, o que só ela vê. Estou cansada hoje.
Preciso dormir, porque... amanhã... amanhã é o que me espera, - não o que me torna ou me move - amanhã é tudo o que se tem depois de um dia cansado e um vago sentimento de adeus.

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