terça-feira, 29 de maio de 2012

Este ciúme

Um filme de terror, uma nuvem cheia de chuva
Os pensamentos em redor plainando - escuros, terríveis
Seu olhar se derramando em volta, por tudo
E você me escapando, como o tempo na ampulheta de vidro
Ergo as mãos pra cobrir o rosto, de dor envelhecido
E meu peito batuca, maltratado, sem vida
Arremesso pro ar verdades invencíveis
Deixando fora da porta, a felicidade que vinha
Que dançava, rodopiava nos cômodos vazios
Bendita a hora em que se quis ver o que a caixa continha
Rasgar o papel, desembrulhar a surpresa, encarar o presente
Todo aquele enfeite bonito e bom de ver, ao lixo!
E o que se queria - nunca aquilo. Sempre uma coisa mais bonita.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Toda tentativa de controle é vã


Abaixo toda tentativa de controle!
Não adianta nada,
Não leva a lugar algum.
De que serve essa preocupação toda?
Par que esse lugar comum?
Solta essas dores!
Desamarra os cadarços em nó
Que prendem seus sapatos um ao outro
E não te deixam andar!
Abaixo o medo de cair!
A vã intenção de determinar
Por onde os passos vão.
Não se prenda mais a esse ciúme vil,
Ou a qualquer outra besteira que te faça pensar
Que algo neste mundo cão
Está nas tuas mãos. Nada está!
Tudo é mágico e imprevisto!
Pule as poças, veja a previsão do tempo,
Mas esteja preparado
Pras quedas e tropeços,
Pros ventos do leste e do sul
Que te arrastam os chapéus
E te mudam o curso.
Para de tomar sempre a frente de tudo!
Deixa a vida no domínio.
Entrega seu destino
Ao primeiro raio de sol!
Abandona essa arrogância de prever,
Essa vontade louca de agarrar.
Deixa o vento soprar
Pra onde tiver que ser!
Se larga pra viver
Afinal em paz.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Verdades de vagalume

Até que ponto
maremoto
em que velocidade
tempestade
de muito longe
tanta saudade
de muito alto
a terra é plana
traçar as linhas
imaginárias
tirar medidas
dos quatro cantos
em qual das partes 
fica a verdade
será que é cara
ou vale nada
qual o semblante
que não se guarda
a nuvem branca 
já não traz água
e se escurece 
o céu à noite
dançam no breu
esguias sombras
no pano negro 
da madrugada
mais preciosa
a luz da lua
e dos nuances
de cor escura
ergue-se mármore
matéria dura
e piscam à volta
verdades novas
intermitentes
qual vagalumes

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Estranho tempo


Essas horas
Estranho tempo
Que anda cada continente
Num passo
Revezam os raios de sol
Nas faces do planeta
Corre a vida num intervalo
Se deste lado já é dia
Do outro, estás dormindo
Nos hemisférios de mim mesma
A dimensão do tempo
Entre nós, o futuro
:Só um lugar a mais
Em que ainda não se chegou
Tão estanque e estável
Como a África
Ou a América do Sul