quarta-feira, 9 de março de 2011

O amor não tem palavras


Dizer do amor
É como tomar dele a magia
Um poder que nos rende
Domina
É tornar humano
Uma essência divina
Então tenho medo de dizer
E tornar imperfeito
O que é originalmente puro
Sem defeito, sem ranhura
Há uma coisa no ar
Que não há palavra que decifre
Melhor inebriar-me dela
E a contemplar muda
Reverenciá-la em êxtase
Enquanto ainda dura

Horizontes de silêncio

Nas cidades pequenas
Não se perde o horizonte
A estrada se alonga e vai
Até onde o sol se põe
E a dois seres que se cruzam
É possível o silêncio
Que dialoga com o íntimo
Do encontro que nasce
Apesar do desconhecido
Porque o vértice é fugaz
Entre dois seres lado a lado
Há o que foge e o que fica
O que vai e o que corre atrás
E assim se constrói o universo do encontro
Pois apesar do conexo
Há o indivíduo complexo
Que se quer deixar estar como está:
Apesar do encontro: Indivíduo
Mas adiante algo nos liga
A outro que já não está, mas que fica
Num gesto, ou palavra
No medo, ou numa lágrima,
Num dedo que se insinua no meio da palma
Ou nos lábios que se unem
Bochechas flácidas
A assoviar...
E as palavras novas que são ditas
Carregam em si nostalgia
De outros encontros
Horizontes esquecidos
Que se reanunciam