segunda-feira, 10 de março de 2008

Que dia é esse?




Um dia tudo de bom vai acontecer.
Haverá um dia em que os medos e as dúvidas não mais ficarão rondando como mosquinhas de bananas, e em que os girassóis da minha esperança não murcharão com o pôr -do-sol para depois se renovarem com a alvorada, disfarçando a sobriedade da noite com sorrisos.
Um dia apenas. De paz plena e cumplicidade verdadeira. Em que o sorriso será o que é por dentro e por fora e a maré apenas o vai-e-vém do mar, que é natureza: presente para os homens.
E este dia se estenderá por dias e noites, serão sóis e luas, e deuses guardadores contemplarão os entardeceres dos corações, repletos de inteirezas, sem frações de tudo o quanto preenche nossos afãs, pois não haverão. Tudo será satisfação.
Um dia para a vida inteira. Plenitude. Completamento. Para a vida inteira lembrar o que é preenchimento. Para o vazio do pensamento jamais continuar. E para a solidão se acompanhar, sempre grata de um dia.
Um dia de mais puro sentimento. Concretude. Visual. Não haverá lamento ou richa, ou cansaço ou estabilidade. Tudo será único e ameno, mesmo que esfuziando de paixão. Será explosão singular e universal, porque abrangerá o externo e o interno. O homem e o mundo.
Um dia de ventos quentes e abraços sem ameaça e risadas ardentes com pássaros e borboletas coloridas penduradas. Um dia com mares abraçando rios, e chaminés soltando fumaça da virtude e do bem querer.
Um dia de crianças correndo entre gramas altas, com brancas nuvens pendendo sobre suas cabeças, ornando o astro dourado e deslumbrante. Um dia imenso.
Um dia para as Marias e para as Anas e Clarices e Alices e Claras. Não haverão panelas grandes para tamanho banquete. E os homens não terão pressa, nem fome, nem medo. Terão um pouco de nós, já que o muito que nos damos não basta para dar-lhes coragem.
Um dia de solidariedade: único trabalho. Confraternização: verdadeiro espírito humano.
Um dia de músicas alegres, canções de infância e avós contando histórias verdadeiras, mexericadas pela imaginação, fértil como os ventres femininos, mas que não será ilusão. Como na matemática, estará para a realidade em igual proporção. Felicidade de dia.
Dia de vida. De grandezas e unicidade. Um dia que é o próprio objetivo, confundindo-se com a meta do amanhã. Combinar-se-ão espreguiçadas e alongamentos de corpos entrelaçados pelos olhos lacrimejando emoção realizante.
Um dia para todos. Para tudo. Para o homem. Para o mundo.
Um dia para mim.
Que chegue o dia.

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