Rumores dos quatro cantos
deste universo, dentro do mundo
invadem meus pensamentos
de afãs tão imundos e sem amores
que, penando em tremores,
chego a suar sentimentos
A tristeza lá de fora
de crianças se afogando nas drogas
de criaturinhas humanas
se matando e acabando
com a esperança do novo mundo,
é a maior derrota
para este habitante
de terras insanas
que sou eu também
Infeliz de mim!
Pois, sim, não suporto além
do palpitante brado
de minhas particularidades
Cerco as entradas
que levem à minha intimidade
notícias desses meninos
tão pequeninos
e com tão grandes fardos a carregar
Muitos deles são meus vizinhos
e às vezes ficam a olhar-me
com os olhos cheios de tudo
com a barriga cheia de nada
e com as bocas a arrotar
pedidos de súplica
Vão s'embora ó meninos!
Deixai em paz meus mesquinhos
valores desta existência!
Deixem-me executar meus labores
em favor deste mundo de horrores
que construo ao me esquivar!
Assim, construo os muros
que rodeiam a mim
Visto-me com a túnica da indiferença
alheio-me de todas as crenças
e murmuro o quão é lindo
tudo o que, dentro destas quatro paredes,
finjo que existe
Mas aqui falta um pedaço,
ou sobra, nem sei...
Daqui eu sinto o mormaço
dos sentimentos que sufoquei do lado de fora
"_Vão!" Grito eu aos pequenos
Meus berros, porém, parecem amenos
diante do olor que já assola
meus tão reservados aposentos
Ò mundo cão!
Fizestes de vossos filhos urubus
a pestanejar sobre os lixos
Fizestes de vossas crianças
zumbis de coração,
cujos ódio e rancor, são explícitos...
Mas as frias paredes que me rodeiam
são ainda mais tristes!
Troco minhas vestes por trapos,
as minhas maldições por preces
Não quero mais desmentir o que sou,
congelar o que sinto...
Que jorrem as lágrimas que,
por tanto tempo, jurei:
"_Não existem!"
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