domingo, 16 de março de 2008

Geada

Céu de estrelas libertas
aéreas, brilhantes, desertas
cada uma com seu brilho, sua luz
Todas com o mesmo efeito...
A mesma magia
de iluminar o azul marinho
do céu despoluído
Céu despoluído
pelo frio, pelo vento, pelo tempo
pela linda, porém, sombria geada
E a noite passa a ser então
geladeira pra solidão
Tristeza pra falta de leito
Proeza pros que fazem direito
e reluzem, como o amor reluz
entre as estrelas...
Porque nem mesmo três pares de meia
seriam capazes de desfazer o ruído
que os nervos enrijecidos
provocam nos dedos dos pés
Nem fé tamanha pode guardar
a senha pro calor dos corpos quentes
da lenha que aquece as mentes
unidas de amor
Porque é noite, é geada
e mesmo as estrelas brilhantes
já foram apagadas
pelo ar gelado que sobe
Cobre o céu e sacode
de frio os mal-amados
os pequenos, os velhos
todos os coitados
sem amor, nem cobertor
Mas não os casais unidos
dois corpos num só erguidos
sobre o sol de seus verões
Pois essa fé que não é tamanha
pra anular o frio de quem dorme sozinho
é pequena pra preencher
dois corações pulsando num só batuque
compondo um novo repique
resumindo o silêncio da noite
e o uivo do vento gelado
a um tique-taque:
senha secreta da fé
que assanha dois apaixonados.

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