domingo, 16 de março de 2008

Noite de domingo

Não consigo falar de muitos personagens ao mesmo tempo. Também não consigo fazer uma ficção verdadeira. Soam, minhas histórias, sempre infantis, desprezíveis.
Mas eu tenho histórias pra contar. Que são importantes, imponentes, centradas, fundamentadas, coerentes.
São histórias sobre o mundo em que vivo, mas, principalmente, sobre teorias, o modo que se vive a vida, no mundo.
No meu mundo, em particular.
Que é, nada mais, que a minha vida. Em particular. Ou em público.
Preciso, antes de tudo, escrever para recuperar o sentido. O sentido de estar viva.
Escrevi tantas histórias. Histórias que não eram minhas.
Mas as minhas histórias são melhores. E é essencial, para mim, contá-las.
Como fotografias, cheias de paisagens; como propagandas, encantantes; como degraus, em etapas; como moedas, em ambas as faces; como janelas de avião, com plena vista.
Elas fervem, sem tomar formas. Apenas em borbulhas. Posso senti-las pelo farfalhar do peito, pelo ritmo acelerado do coração.
Minhas histórias parecem poesia.
Mas não são.
Isso dói.
Tenho esta sensação de dor, uma agonia.
Não consigo descrever isto.
Vontade de vomitar.
Medo de que minha mãe veja-me escrevendo isto.
Minha mãe sempre xereta tudo.
Por isso não consigo descrever completamente este mal estar.
Como noite de domingo.
Mas as noites de domingo só me agoniam se há compromisso no outro dia.
Não tenho mais compromissos às segundas-feiras.
Mas, às vezes tenho.
Às vezes tenho uma vontade grande de... sei lá!
Não ter compromisso nunca mais.
Mas, de repente, preciso deles.
Preciso imensamente de compromisso. De uma rotina monótona e contínua.
Gosto de luz. Luz do sol.
Aquela luz clara, dourada e branca, que entra pela retina e desperta interesses. Magias...
Funciona como combustível, como estímulo.
Energia.
Quando eu era criança, tinha problemas com a noite.Principalmente quando ela pousava sem que eu houvesse despedido do dia.
A luz afeta meu humor.
E o frio, afeta-me grandemente. Profundamente.
Mais até que o escuro.
Fui uma criança doce. Que gostava de escrever com lápis de ponta grossa, pras palavras ficarem macias e aconchegantes. Redondinhas, folgadas.
Não gosto de meninos artificiais.
Não gosto de nada artificial.
É um dos meus males.
Quero tudo autêntico. profundo.
E belo.

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