A beleza
como a juventude
é em si uma dádiva.
Uma flor, uma natureza morta
quanto mais simples, mais perfeitas.
O belo trespassa os conceitos
é ele mesmo uma benção.
A beleza verdadeira, sem arestas
sem máscaras
supera questionamentos, legendas.
O belo é fruto
resultado
pronto, acabado.
L.G.
sexta-feira, 27 de dezembro de 2013
terça-feira, 10 de dezembro de 2013
o suicídio
a gota caminha pela rachadura do teto
percorre toda a linha
e, então, pinga no piso
como quem salta
de um precipício
percorre toda a linha
e, então, pinga no piso
como quem salta
de um precipício
segunda-feira, 9 de dezembro de 2013
Às vezes
Às vezes, as lembranças diluem-se no tempo.
Outras, robustecem.
Às vezes, o infortúnio a memória apaga.
Às vezes, guarda.
Às vezes, os dias rastejam.
Às vezes, voam.
Às vezes, a gente chora, chora.
Às vezes, gargalha
: alternância de estados.
O exótico tempera uns dias.
Outros, a rotina.
É difícil driblar a fadiga
ora intensa, ora suave sobre a vida.
- Essa vida -
que às vezes a gente leva,
às vezes a gente arrasta.
Em que às vezes a ilusão basta,
outras, a verdade mostra.
Às vezes, cai um pranto sem pausa.
Outras, secam as lágrimas.
Louvai!
Outras, robustecem.
Às vezes, o infortúnio a memória apaga.
Às vezes, guarda.
Às vezes, os dias rastejam.
Às vezes, voam.
Às vezes, a gente chora, chora.
Às vezes, gargalha
: alternância de estados.
O exótico tempera uns dias.
Outros, a rotina.
É difícil driblar a fadiga
ora intensa, ora suave sobre a vida.
- Essa vida -
que às vezes a gente leva,
às vezes a gente arrasta.
Em que às vezes a ilusão basta,
outras, a verdade mostra.
Às vezes, cai um pranto sem pausa.
Outras, secam as lágrimas.
Louvai!
sexta-feira, 29 de novembro de 2013
Deixar o corpo
Dormir dormir e sair por aí, sem ossos nem pele, divertida, leve, astronauta sem roupa lunar. Deixar o corpo, esse cascalho rochoso que se parte com a investida do mar. Voar, sentir, desvendar as cores multicores, os silêncios de Itamar, as pérolas que se escondem nas entrelinhas. Sair por aí, onipresente, sábia, completa e em paz, sem sufoco, falta de ar ou calçados. Sem soluços, migalhas, pouco caso. Viajar sem sair do lugar e dormir cheia de sonhos num outro tempo - muito melhor e sereno.
terça-feira, 12 de novembro de 2013
O nome da pessoa amada
O nome da pessoa amada
é uma serenata
trilha sonora que toca
na cena-clímax
o nome da pessoa amada
é uma sobremesa
tem o gosto mais doce
o aroma mais fino
e saliva.
é uma serenata
trilha sonora que toca
na cena-clímax
o nome da pessoa amada
é uma sobremesa
tem o gosto mais doce
o aroma mais fino
e saliva.
sexta-feira, 1 de novembro de 2013
Quando você se for
Quando você
Se for, meu bem
Não vá sem me levar
Pode ser num azul de céu
Pode ser num verde de mar
Pode ser num gosto, num cheiro, num lugar
Quando esta ponte cair
E o amor nos abandonar
Me leve ainda contigo, num cantar
Passarinho vem derramar
Pelos mundos, novo luar
Leva música de jasmim
E vinho no paladar
Leva beijos cor de carmim
E meus passos no seu voar.
Se for, meu bem
Não vá sem me levar
Pode ser num azul de céu
Pode ser num verde de mar
Pode ser num gosto, num cheiro, num lugar
Quando esta ponte cair
E o amor nos abandonar
Me leve ainda contigo, num cantar
Passarinho vem derramar
Pelos mundos, novo luar
Leva música de jasmim
E vinho no paladar
Leva beijos cor de carmim
E meus passos no seu voar.
terça-feira, 15 de outubro de 2013
Você veio
Você veio
na manhã fria
de flores tímidas
e cores clássicas
você veio
finalmente, você veio
como de costume estranhei seus traços
pareceu-me feio
como em geral parecem-se os homens por que me apaixono
você veio e eu nem sabia
se era verdade ou sonho
há barcos a vela adelante
e um rio de nome Plata
alguém achou bonito
o nome brasileiro "namorada"
seu cheiro passa por mim
vez em quando
- fico tonta -
mas não creio tanto
árvores sem folhas pelas margens do rio
calles sempre as mesmas
nuncas as mesmas
e vem você outra vez
você veio.
na manhã fria
de flores tímidas
e cores clássicas
você veio
finalmente, você veio
como de costume estranhei seus traços
pareceu-me feio
como em geral parecem-se os homens por que me apaixono
você veio e eu nem sabia
se era verdade ou sonho
há barcos a vela adelante
e um rio de nome Plata
alguém achou bonito
o nome brasileiro "namorada"
seu cheiro passa por mim
vez em quando
- fico tonta -
mas não creio tanto
árvores sem folhas pelas margens do rio
calles sempre as mesmas
nuncas as mesmas
e vem você outra vez
você veio.
segunda-feira, 14 de outubro de 2013
Pássaros escuros
Esses passarinhos escuros do meu pensamento,
em revoada, sobre a noite assustadora...
Seu piado voa, voa sem rumo,
apesar do coração que ainda pulsa.
Vejo as pessoas que passam a madrugada,
passam na madrugada,
passam pelas ruas.
Vejo minha vida que passa as esquinas,
passa pelas esquinas,
passam as ternuras.
Vejo os filhos que nunca vou ter
e os pássaros em alvoroço sobre as sombras,
sobre as réstias, as estrelas.
E o amanhã despedaçado
surgindo sem o compasso
do amor.
em revoada, sobre a noite assustadora...
Seu piado voa, voa sem rumo,
apesar do coração que ainda pulsa.
Vejo as pessoas que passam a madrugada,
passam na madrugada,
passam pelas ruas.
Vejo minha vida que passa as esquinas,
passa pelas esquinas,
passam as ternuras.
Vejo os filhos que nunca vou ter
e os pássaros em alvoroço sobre as sombras,
sobre as réstias, as estrelas.
E o amanhã despedaçado
surgindo sem o compasso
do amor.
Mil notas
Mil notas eu precisava,
ou mais
pra escrever as aventuras,
o mar
as lágrimas maduras
o riso tardio
os olhos, mil olhos que eu vi
rasgados, redondos, miúdos
calados, ousados, sisudos
os olhos que eu amei
os olhos que me amaram
castanhos, verdes, azuis
que me olharam e aos lugares
que passamos juntos
mil notas pra dizer do abre e fecha dos cílios
da cor dos fios da sobrancelha
- o claro com o negro -
dos arvoredos que passaram
através dos vidros do carro
mil notas, mil versos, mil rimas
do deitar-se quieto nos ombros
do escorar-se na barriga
pensamentos, agonias
mil paladares, mil e um sons
cores mil, mil flores, canções
e seus olhos nos meus.
Chove outra vez na janela
é noite escura em plena tarde
o asfalto molhado brilha
e os reflexos dessa paisagem
:mais um enigma pra olhos vorazes.
ou mais
pra escrever as aventuras,
o mar
as lágrimas maduras
o riso tardio
os olhos, mil olhos que eu vi
rasgados, redondos, miúdos
calados, ousados, sisudos
os olhos que eu amei
os olhos que me amaram
castanhos, verdes, azuis
que me olharam e aos lugares
que passamos juntos
mil notas pra dizer do abre e fecha dos cílios
da cor dos fios da sobrancelha
- o claro com o negro -
dos arvoredos que passaram
através dos vidros do carro
mil notas, mil versos, mil rimas
do deitar-se quieto nos ombros
do escorar-se na barriga
pensamentos, agonias
mil paladares, mil e um sons
cores mil, mil flores, canções
e seus olhos nos meus.
Chove outra vez na janela
é noite escura em plena tarde
o asfalto molhado brilha
e os reflexos dessa paisagem
:mais um enigma pra olhos vorazes.
Ser leve
Flutuar no chão
Pisando pedras, como se pisa algodão
Ser leve como a flor do salgueiro
Pedaço de neve na primavera
Não temer a morte, a perda, o fim
Ser leve como a brisa da manhã
Como o som de uma flauta na orquestra
Como uma flor do campo, pequenina
Disseminada na relva
Ser leve como um pássaro
Como um beija-flor
Como o coachar dos sapos noite adentro
Ser leve
Como você é
Como só você pode ser
- jamais saberei.
Pisando pedras, como se pisa algodão
Ser leve como a flor do salgueiro
Pedaço de neve na primavera
Não temer a morte, a perda, o fim
Ser leve como a brisa da manhã
Como o som de uma flauta na orquestra
Como uma flor do campo, pequenina
Disseminada na relva
Ser leve como um pássaro
Como um beija-flor
Como o coachar dos sapos noite adentro
Ser leve
Como você é
Como só você pode ser
- jamais saberei.
A flor da cidade
Uma flor no fim de tarde
no meio da cidade
coração frio
Tanta coisa que se abre
bicicletas pelo parque
hortelã, pimenta, anis
Grama verde verde verde
gente bela, rosa aberta
pouco azul.
no meio da cidade
coração frio
Tanta coisa que se abre
bicicletas pelo parque
hortelã, pimenta, anis
Grama verde verde verde
gente bela, rosa aberta
pouco azul.
Doce Argentina
Pela rua gélida,
o vento nas orelhas.
Do alto dos apartamentos, as sacadas
de um tempo - que tempo bom ver as estrelas!
Abrir as janelas compridas,
debruçar-se sobre avenidas quase sem carros, sem nada.
O acordeón derrama poesia.
Como pode que a música faça isso de um povo?
Dê-lhe feição, aroma, clima?
Um tango ilumina o Caminito
: beco de cores desta Argentina
tão suave, doce,
tão fina.
o vento nas orelhas.
Do alto dos apartamentos, as sacadas
de um tempo - que tempo bom ver as estrelas!
Abrir as janelas compridas,
debruçar-se sobre avenidas quase sem carros, sem nada.
O acordeón derrama poesia.
Como pode que a música faça isso de um povo?
Dê-lhe feição, aroma, clima?
Um tango ilumina o Caminito
: beco de cores desta Argentina
tão suave, doce,
tão fina.
Início de uma história
Chove
e a rua molha.
A música toca na rua,
a fumaça da linguiça sobe, como nuvem,
impregna as roupas, os cabelos.
Os portenhos olham nos olhos, disparam seu charme, sua diversidade.
Como é quente a América do Sul,
Inda que o vento esfrie,
Inda que a chuva molhe,
o calor latino
não tem comparação.
Vendem-se flores nas ruas,
ramalhetes dóceis, frágeis nas calçadas.
Como são doces as barracas de flores.
Como é doce aquela canção!
Ver seu desenho em cada rosto que passa,
os personagens de um filme sentados na poltrona à frente,
fazendo as inesquecíveis cenas
do início de uma história de amor.
e a rua molha.
A música toca na rua,
a fumaça da linguiça sobe, como nuvem,
impregna as roupas, os cabelos.
Os portenhos olham nos olhos, disparam seu charme, sua diversidade.
Como é quente a América do Sul,
Inda que o vento esfrie,
Inda que a chuva molhe,
o calor latino
não tem comparação.
Vendem-se flores nas ruas,
ramalhetes dóceis, frágeis nas calçadas.
Como são doces as barracas de flores.
Como é doce aquela canção!
Ver seu desenho em cada rosto que passa,
os personagens de um filme sentados na poltrona à frente,
fazendo as inesquecíveis cenas
do início de uma história de amor.
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
Faróis da madrugada
No cruzamento
Entre as margens
As paragens
As ternuras
As imagens
Do passado
Da esperança
Daquele filme sem palavras
Gosto dos faróis na madrugada
Das pessoas cinzas
Na foto em preto e branco
Lá vem as estrelas
Iluminar paisagem
Noite iluminada
É o presente mais doce
Ainda que as manhãs venham mornas sob nossas pernas.
Entre as margens
As paragens
As ternuras
As imagens
Do passado
Da esperança
Daquele filme sem palavras
Gosto dos faróis na madrugada
Das pessoas cinzas
Na foto em preto e branco
Lá vem as estrelas
Iluminar paisagem
Noite iluminada
É o presente mais doce
Ainda que as manhãs venham mornas sob nossas pernas.
terça-feira, 10 de setembro de 2013
o que é poesia
poesia é a arte de cantar sem nenhuma nota
a arte de dizer tudo na abstração
a arte de legar o nada à deriva das rimas
a arte de sentir sem sentido algum
poesia é maneira de pensar o mundo
maneira de fugir de tudo
pegar carona numa brisa, num furacão
poesia é o caminho oculto
pro outro lado - o absurdo
lugar que não decide se existe, ou não.
a arte de dizer tudo na abstração
a arte de legar o nada à deriva das rimas
a arte de sentir sem sentido algum
poesia é maneira de pensar o mundo
maneira de fugir de tudo
pegar carona numa brisa, num furacão
poesia é o caminho oculto
pro outro lado - o absurdo
lugar que não decide se existe, ou não.
Romance ao lixo
Não tem jeito
Aquele texto imenso
Cheio de nuances e ousadia
Aquele texto feito
De confissão, história e mentira
Aquele texto com tamanho de romance
E nenhuma cara de livro
Vai pro lixo
Não passou de um treino
Um punhado de rabisco
Até serviu pra muita coisa
Até foi muito mais lido
Do que realmente merecia
Mas agora não foge do destino
O desaparecimento amigo
De toda obra sem esteio
Arremate ou política.
segunda-feira, 2 de setembro de 2013
Da prisão
As jaulas são feitas pra feras selvagens que mordem mastigam engolem
As jaulas são cercadas de frestas de ferro de onde se vê o externo em fatias
O completo o horizonte o infinito o hemisfério moram do lado de fora da prisão
O habitat o meio o lar o mar o verão o riacho a colina moram do lado de fora da prisão
E o animal espreita com a face cravada nas barras em riste e com o canto dos olhos assiste
A vida que passa enquanto na jaula - objeto de compactar almas - ele sobrevive
Do lado de dentro da prisão.
As jaulas são cercadas de frestas de ferro de onde se vê o externo em fatias
O completo o horizonte o infinito o hemisfério moram do lado de fora da prisão
O habitat o meio o lar o mar o verão o riacho a colina moram do lado de fora da prisão
E o animal espreita com a face cravada nas barras em riste e com o canto dos olhos assiste
A vida que passa enquanto na jaula - objeto de compactar almas - ele sobrevive
Do lado de dentro da prisão.
terça-feira, 20 de agosto de 2013
Lua morena
Lua
Vem brilhar
Candeia do ar
Lustre de Iemanjá
Sobre o mar
No veludo do firmamento
Entre estrelas, sonhos, tormentos
A noite é seu reino
Lua morena
Seu lugar
Entre estrelas brilhar
O luar
Luz de as mãos dar
De os beijos regar
Lua morena
Lua, lua, luá
Lua beleza
Daqui debaixo te olhar
Lua morena que eu vejo embaçar
Sem contornos ao menos
Ó luá
Meu desejo
Em Ti pendurar
Meia-volta
Volta e meia
Embalar
Lua morena
Lua, lua, luá
Lua serena
Lua, lua, luá
Lua do firmamento
Vem luar, luar.
segunda-feira, 24 de junho de 2013
Em paz
A paz... uma desconhecida.
Eu quero morrer em paz. Porque em vida...
O corpo fervilha, o coração pulsa, os olhos piscam, os punhos: em punho, em riste.
Eu não quero morrer.
(Eu só quero morrer).
Quero correr por entre as trevas do ontem. Sumir nas entranhas do desconhecido.
Eu não sei viver em paz. As paixões me castigam: o corpo, este inimigo da paz - este voraz combatente da tranquilidade e da boa consciência - treme. O suor pinga.
A cabeça lateja mais numa veia. De tal maneira que, hora ou outra, pode bem explodir.
Massageie minhas têmporas com força.
Não é suficiente um toque ou um carinho. Não. Mastigue com dedos frios esta veia latente, latindo na minha mente como um cachorro raivoso, uma cadela no cio.
Agora torça meus cabelos entre suas mãos, puxando um pouco o couro cabeludo. Estique minhas ideias. Dê a elas um pouco de sentido, uma justeza qualquer, nem que sejam os fios comprimidos neste puxão quase agressivo.
Não consigo ter paz. Não consigo.
Penso no amanhã com furor e mágoa.
Queria só o agora. O agora para sempre
Eu quero morrer em paz. Porque em vida...
O corpo fervilha, o coração pulsa, os olhos piscam, os punhos: em punho, em riste.
Eu não quero morrer.
(Eu só quero morrer).
Quero correr por entre as trevas do ontem. Sumir nas entranhas do desconhecido.
Eu não sei viver em paz. As paixões me castigam: o corpo, este inimigo da paz - este voraz combatente da tranquilidade e da boa consciência - treme. O suor pinga.
A cabeça lateja mais numa veia. De tal maneira que, hora ou outra, pode bem explodir.
Massageie minhas têmporas com força.
Não é suficiente um toque ou um carinho. Não. Mastigue com dedos frios esta veia latente, latindo na minha mente como um cachorro raivoso, uma cadela no cio.
Agora torça meus cabelos entre suas mãos, puxando um pouco o couro cabeludo. Estique minhas ideias. Dê a elas um pouco de sentido, uma justeza qualquer, nem que sejam os fios comprimidos neste puxão quase agressivo.
Não consigo ter paz. Não consigo.
Penso no amanhã com furor e mágoa.
Queria só o agora. O agora para sempre
Ê mundão véio
ê mundão véio!
eita vida besta, meu Deus!
tanta gente que vem, vai, canta
tanta gente que dança, que cai
eita mundão besta
vida tensa, intensa
em trilho que vem e vai
gente que entra e sai
lembrança que alimenta o pensamento
bem querer, mal querer
coração de Che Guevara
conspiração do viver/morrer
mundo véio de guerra
cheiro de terra
vento de outras eras
tempos de não ser
eita mundão, me deixa
numa brisa qualquer, perene
com cheiro de erva
cor de entardecer.
eita vida besta, meu Deus!
tanta gente que vem, vai, canta
tanta gente que dança, que cai
eita mundão besta
vida tensa, intensa
em trilho que vem e vai
gente que entra e sai
lembrança que alimenta o pensamento
bem querer, mal querer
coração de Che Guevara
conspiração do viver/morrer
mundo véio de guerra
cheiro de terra
vento de outras eras
tempos de não ser
eita mundão, me deixa
numa brisa qualquer, perene
com cheiro de erva
cor de entardecer.
segunda-feira, 17 de junho de 2013
Por um momento
Por um momento, o amor é pleno
E tudo em mim é silêncio
Tudo em volta é sereno
- por um momento - breve nevoeiro
Tudo em nós faz sentido
Não há medos, meio-termos
Mas é um momento apenas
Um instante, um delírio
Por um momento, você me olha
Você me alcança
Por um momento, esta dança
No pôr do sol da esperança
E este beijo
Entre as lágrimas da chuva
É completo
E tudo em paz é veneno
Tudo ardendo é silêncio
Todo segredo é sarcasmo
Todo amor é pequeno
Por um momento, você me olha
Por dentro.
E tudo em mim é silêncio
Tudo em volta é sereno
- por um momento - breve nevoeiro
Tudo em nós faz sentido
Não há medos, meio-termos
Mas é um momento apenas
Um instante, um delírio
Por um momento, você me olha
Você me alcança
Por um momento, esta dança
No pôr do sol da esperança
E este beijo
Entre as lágrimas da chuva
É completo
E tudo em paz é veneno
Tudo ardendo é silêncio
Todo segredo é sarcasmo
Todo amor é pequeno
Por um momento, você me olha
Por dentro.
quinta-feira, 6 de junho de 2013
Essas linhas
Há duas linhas embaixo dos
meus olhos. Duas linhas delicadas, paralelas. Em algum ponto elas tocam uma na
outra, como rios que correm para o mar. Elas olham pra mim, dos meus próprios
olhos, e me dizem: lá se foi quase meia estrada. Duas linhas finas e curtas. Duas
linhas tênues, mudas – não precisam de palavra alguma pra dar seu recado. Há
duas linhas embaixo dos meus olhos. Duas intrusas, travessas, duas meliantes, melindrosas,
obtusas. Linhas duras sob pálpebras tenras que veem como aos seis anos de idade,
com imensa ternura, o vão da existência.
segunda-feira, 3 de junho de 2013
RAREFEITO
Rarefeito
Seu efeito em mim
E os feitos
Do pensar e do sentir
Com moléculas de ar
Entre as veias
E espaços vazios
Entre as letras
Rarefeito
O ar das suas narinas
Nas minhas
Rarefeito
O som dos seus versos
No ar
Rarefeito o mar
Como a neblina
O pensamento por aí
Como o pulsar
Das batidas do seu peito
Nas minhas orelhas
E a melodia do seu pensar
No meu vagar
Rarefeito
Raro
Efeito
Ser, estar.
LÁRI GERMANO
sábado, 11 de maio de 2013
Quantos temas há pra se falar
Não quero falar sobre mil temas, quantos temas há pra se falar
As coisas que em mim navegam são sempre as mesmas, enfim sou o mesmo mar
Com estas letras desenho versos, sob efeitos inversos de sombra e de luz
A exemplo de montes e horizontes repetidos em telas sem número
Sob prismas diferentes e influências similares, tão párias
Vou desenhando meus lemas e as cenas da estrada têm idêntico fundo
Que me importam novidades, variedades, palavras afastadas do meu habitat
Se carrego, eu e a humanidade, os mesmos dilemas e os mesmos pensamentos
Sentimentos, destroços, tormentos e sustento desde os primórdios
Quero o simples fim, enfim, flor, amor
Quero as notas óbvias repletas de suave cor
Quero canções, doces canções, doces sons
Posso até falar de Marte, astronauta, disco voador
Então cogitar a morte, a saudade, o coração
Por mais longa a viagem na viagem da imaginação
Não me importam os diálogos com Sócrates, Sartre, Platão
Se não houver neles o choque entre a alma e a razão
E enunciado mole e suave como em Vinícius e Tom.
Lári Germano
As coisas que em mim navegam são sempre as mesmas, enfim sou o mesmo mar
Com estas letras desenho versos, sob efeitos inversos de sombra e de luz
A exemplo de montes e horizontes repetidos em telas sem número
Sob prismas diferentes e influências similares, tão párias
Vou desenhando meus lemas e as cenas da estrada têm idêntico fundo
Que me importam novidades, variedades, palavras afastadas do meu habitat
Se carrego, eu e a humanidade, os mesmos dilemas e os mesmos pensamentos
Sentimentos, destroços, tormentos e sustento desde os primórdios
Quero o simples fim, enfim, flor, amor
Quero as notas óbvias repletas de suave cor
Quero canções, doces canções, doces sons
Posso até falar de Marte, astronauta, disco voador
Então cogitar a morte, a saudade, o coração
Por mais longa a viagem na viagem da imaginação
Não me importam os diálogos com Sócrates, Sartre, Platão
Se não houver neles o choque entre a alma e a razão
E enunciado mole e suave como em Vinícius e Tom.
Lári Germano
Um pensamento
Um pensamento voando ao vento sem direção
sem temor, nem tormento, sem tempo, nem chão
um amor, um alento pro peito ardendo em dor
um momento ao meio, recheio de sonho
voa ao ar
voa o mar
voa as primaveras
libertà!
no caminho entre a mente, o sempre e o amanhã
o semblante, a semente, o horizonte em sombra
e os elos de gente, de coisa e de sentimento
que navegam por entre segredos que vão
voam mais
voam quais
voam as quimeras
liberdade.
Lári Germano
sem temor, nem tormento, sem tempo, nem chão
um amor, um alento pro peito ardendo em dor
um momento ao meio, recheio de sonho
voa ao ar
voa o mar
voa as primaveras
libertà!
no caminho entre a mente, o sempre e o amanhã
o semblante, a semente, o horizonte em sombra
e os elos de gente, de coisa e de sentimento
que navegam por entre segredos que vão
voam mais
voam quais
voam as quimeras
liberdade.
Lári Germano
quarta-feira, 8 de maio de 2013
Gaiola acortinada
Vou ficar aqui sem fazer nada um pouco, só um pouco
Só o tempo de me refazer dos dias, do peso de tudo
As coisas leves alimentam mais: a natureza, as lembranças
Os versos, o silêncio, uma história, uma canção, um beijo
Deitada na areia vendo o sol se pôr, eu queria as tardes
Com o canto do galo e o mamoeiro na janela, as manhãs
Nas noites, lua, estrelas, seresta, corujas, firmamento
O que importa de verdade é simples, mas como é difícil
Manter simples, ficar rente à natureza, ouvir os passarinhos
Sentir o cheiro das flores no caminho, olhar nos olhos o vizinho
Ver as cores... As cores entram pela vista e nutrem a alma cinza
Os passos automatizados, que seguem na rotina, sem atalho
Verde, azul, amarelo, rosa, um beija-flor, o som de um sabiá
Na madrugada. Naquela casa há uma gaiola com cortina
Como é triste a prisão do passarinho que não vê o céu!
Se ele canta, é um lamento de tristeza, uma saudade
Uma súplica pelo azul da liberdade, pelo verde da esperança
E os nuances e contrastes do que se perde neste corre-corre.
Lári Germano
Só o tempo de me refazer dos dias, do peso de tudo
As coisas leves alimentam mais: a natureza, as lembranças
Os versos, o silêncio, uma história, uma canção, um beijo
Deitada na areia vendo o sol se pôr, eu queria as tardes
Com o canto do galo e o mamoeiro na janela, as manhãs
Nas noites, lua, estrelas, seresta, corujas, firmamento
O que importa de verdade é simples, mas como é difícil
Manter simples, ficar rente à natureza, ouvir os passarinhos
Sentir o cheiro das flores no caminho, olhar nos olhos o vizinho
Ver as cores... As cores entram pela vista e nutrem a alma cinza
Os passos automatizados, que seguem na rotina, sem atalho
Verde, azul, amarelo, rosa, um beija-flor, o som de um sabiá
Na madrugada. Naquela casa há uma gaiola com cortina
Como é triste a prisão do passarinho que não vê o céu!
Se ele canta, é um lamento de tristeza, uma saudade
Uma súplica pelo azul da liberdade, pelo verde da esperança
E os nuances e contrastes do que se perde neste corre-corre.
Lári Germano
segunda-feira, 22 de abril de 2013
Mãezinha
Vim cantar pra você, mãezinha
Pra recordar nossos melhores dias
Te embalar em minha melodia
Como você fazia comigo
Mãezinha, com pedaços da sua alegria
E do acalanto da sua voz
Que me ninava macio
Que me ensinava a vida
Que pr'aqui me trazia
Faço esta canção
Com retalhos da magia contida
Nos seus beijos, carinhos, abraços
E do toque suave de suas mãos
Que sempre me conduziram
Nasce esta homenagem
Pra dizer que tu és minha querida
A mulher que mais amo
Que não esqueço jamais
E guardo no lugar mais especial
Mãezinha, muito obrigado
Por você cuidar de mim
Por você estar aqui, me amar
Se nada houver além disso
Já me basta você do meu lado.
Pra recordar nossos melhores dias
Te embalar em minha melodia
Como você fazia comigo
Mãezinha, com pedaços da sua alegria
E do acalanto da sua voz
Que me ninava macio
Que me ensinava a vida
Que pr'aqui me trazia
Faço esta canção
Com retalhos da magia contida
Nos seus beijos, carinhos, abraços
E do toque suave de suas mãos
Que sempre me conduziram
Nasce esta homenagem
Pra dizer que tu és minha querida
A mulher que mais amo
Que não esqueço jamais
E guardo no lugar mais especial
Mãezinha, muito obrigado
Por você cuidar de mim
Por você estar aqui, me amar
Se nada houver além disso
Já me basta você do meu lado.
quinta-feira, 18 de abril de 2013
SER MÃE
SER MÃE
(Lári Germano)
Ser mãe
É gerar a esperança
É insuflar em uma criança
O dom maior
Ser mãe
É contar luas e dias
É guardar expectativas
Num futuro em que exista
Amar, querer
Zelar, suster
Ser mãe é dar a essência
A alguém que aí vem
É doar sem querer nada em troca
Sem querer nada além de você
Ser mãe é amar e prover
Não ter não, nem porém
Ser mãe
É dormir e acordar
Com pensamento em amar
E formar um ser
Ser mãe
É torcer sem medida
É vibrar por qualquer conquista
Como se fosse a Copa
Ser mãe
É mover um Moinho
Por apenas um pedacinho
De gente em si
Ser mãe
É criar uma centelha
É mover-se em incertezas
E ainda crer
Ser mãe
É trilhar novos caminhos
É deixar que outro sentido venha
Ser mãe é entregar sua vida
Em lugar de outra vida
(Lári Germano)
(Lári Germano)
Ser mãe
É gerar a esperança
É insuflar em uma criança
O dom maior
Ser mãe
É contar luas e dias
É guardar expectativas
Num futuro em que exista
Amar, querer
Zelar, suster
Ser mãe é dar a essência
A alguém que aí vem
É doar sem querer nada em troca
Sem querer nada além de você
Ser mãe é amar e prover
Não ter não, nem porém
Ser mãe
É dormir e acordar
Com pensamento em amar
E formar um ser
Ser mãe
É torcer sem medida
É vibrar por qualquer conquista
Como se fosse a Copa
Ser mãe
É mover um Moinho
Por apenas um pedacinho
De gente em si
Ser mãe
É criar uma centelha
É mover-se em incertezas
E ainda crer
Ser mãe
É trilhar novos caminhos
É deixar que outro sentido venha
Ser mãe é entregar sua vida
Em lugar de outra vida
(Lári Germano)
quarta-feira, 17 de abril de 2013
Gosto é gosto
eu gosto assim
quando escuto e caso
:ideia que vaza pelas bordas do poema
e trespassa a rima
eu gosto do que gosto
não tem regra, tema ou moda
se houver empatia
meio caminho andado
a obra cria vida
levanta-se sozinha
como um potro novo
que nasceu há pouco
eu gosto quando ouço e nada falta (...)
ainda que eu não alcance as entrelinhas
e o algo mais me escape
se eu gostar, basta
eu gosto do que eu gosto
porque gosto é gosto
e não se explica
eu gosto com a alma
com aquela parte abstrata
que ninguém toca ou vê
eu gosto com os sentidos
com boca, olhos, ouvidos
eu gosto sem porquê
e se eu me calo
é porque na arte
o mínimo às vezes é o máximo.
quando escuto e caso
:ideia que vaza pelas bordas do poema
e trespassa a rima
eu gosto do que gosto
não tem regra, tema ou moda
se houver empatia
meio caminho andado
a obra cria vida
levanta-se sozinha
como um potro novo
que nasceu há pouco
eu gosto quando ouço e nada falta (...)
ainda que eu não alcance as entrelinhas
e o algo mais me escape
se eu gostar, basta
eu gosto do que eu gosto
porque gosto é gosto
e não se explica
eu gosto com a alma
com aquela parte abstrata
que ninguém toca ou vê
eu gosto com os sentidos
com boca, olhos, ouvidos
eu gosto sem porquê
e se eu me calo
é porque na arte
o mínimo às vezes é o máximo.
domingo, 14 de abril de 2013
BURACO
Um buraco tão grande
Escuro, fundo, mudo
Vem sobre mim e me cobre
Derrama seu negro profundo
E me engole
Me veste
E varre minhas estrelas
Pra debaixo do tapete
A escurecer minha força
Vem sobre mim
Um vazio do infinito
Um lugar escondido
Entre galáxias trançadas a esmo
Ó buraco! Oco do mundo
Pedaço de nada
Que abraça, enlaça
Como areia movediça
Quem se aproxima sem arma
Campo de força
Ou lanças da Idade Média
Assim fico no teu meio
Como um cisco, um inseto
Um asterisco de máquina datilográfica
Sem brilho, sem cor, indefinido
Só um símbolo de grafite
Entre outros mais
Vem sobre mim ao largo
No compasso de uma enchente
E me arrasta pras calçadas
Onde deitam moribundos
Drogados dos pés aos cabelos
Buraco transversal
Fim e começo de tudo
Noite sem lua
Debaixo do cerrar das pálpebras
Num sono sem sonhos
Num plano onde o nada
É o auge e o cúmulo
Da alma.
(Lári Germano)
Escuro, fundo, mudo
Vem sobre mim e me cobre
Derrama seu negro profundo
E me engole
Me veste
E varre minhas estrelas
Pra debaixo do tapete
A escurecer minha força
Vem sobre mim
Um vazio do infinito
Um lugar escondido
Entre galáxias trançadas a esmo
Ó buraco! Oco do mundo
Pedaço de nada
Que abraça, enlaça
Como areia movediça
Quem se aproxima sem arma
Campo de força
Ou lanças da Idade Média
Assim fico no teu meio
Como um cisco, um inseto
Um asterisco de máquina datilográfica
Sem brilho, sem cor, indefinido
Só um símbolo de grafite
Entre outros mais
Vem sobre mim ao largo
No compasso de uma enchente
E me arrasta pras calçadas
Onde deitam moribundos
Drogados dos pés aos cabelos
Buraco transversal
Fim e começo de tudo
Noite sem lua
Debaixo do cerrar das pálpebras
Num sono sem sonhos
Num plano onde o nada
É o auge e o cúmulo
Da alma.
(Lári Germano)
CRACOLÂNDIA
Quando eu passo por eles
Ainda que não olhe pra eles
Ainda que não me compadeça
Posso sentir o cheiro
E no cheiro
Que eu sinto
Eu sinto
Que resiste a existência
Ainda que eu não os olhe
Ainda que eu não os queira
Ainda que me aborreçam
Eu sinto
E o que eu cheiro
Cheira
À sobrevivência
Ainda que não mereçam
Ainda que nada sejam
No entorpecimento
Que evapora ao ar
E no fedor das vestes podres
E peles
Eu me vejo ao avesso
E a que cheira
O inverso de mim
Senão a mim mesmo?
E à minha indiferença?
LÁRI GERMANO
Ainda que não olhe pra eles
Ainda que não me compadeça
Posso sentir o cheiro
E no cheiro
Que eu sinto
Eu sinto
Que resiste a existência
Ainda que eu não os olhe
Ainda que eu não os queira
Ainda que me aborreçam
Eu sinto
E o que eu cheiro
Cheira
À sobrevivência
Ainda que não mereçam
Ainda que nada sejam
No entorpecimento
Que evapora ao ar
E no fedor das vestes podres
E peles
Eu me vejo ao avesso
E a que cheira
O inverso de mim
Senão a mim mesmo?
E à minha indiferença?
LÁRI GERMANO
quinta-feira, 28 de março de 2013
trilha sonora
quem pode ouvir a música de uma poesia
pode ler uma poesia em silêncio
pode preencher o silêncio em poesia
pode ver as últimas e as primeiras sílabas das rimas
darem-se as mãos e dançarem no espaço
...
música de fundo pra poesia
é pleonasmo
pode ler uma poesia em silêncio
pode preencher o silêncio em poesia
pode ver as últimas e as primeiras sílabas das rimas
darem-se as mãos e dançarem no espaço
...
música de fundo pra poesia
é pleonasmo
terça-feira, 19 de março de 2013
Só uma vez.
Uma vez
Só uma vez
Para sempre
Uma vez
Uma vez
De verdade
Amanhã acordar
Ver você e pensar
Uma vez
Só uma vez
De verdade
Uma vez
Uma vez
A coragem
Não deixar
Minha casa vazia
Uma vez
Só uma vez
De verdade
Em você
Minha paz
E vontade
Só uma vez
Para sempre
Uma vez
Uma vez
De verdade
Amanhã acordar
Ver você e pensar
Uma vez
Só uma vez
De verdade
Uma vez
Uma vez
A coragem
Não deixar
Minha casa vazia
Uma vez
Só uma vez
De verdade
Em você
Minha paz
E vontade
Se quero te amar, te amo.
Se quero te amar, te amo
Vêm-me imagens suas
E coisas doces
Delicadezas e gestos de menino.
Se quero te amar, penso no que foi bom
Em você, nos primeiros dias
Em você, no reencontro
Em você, na reconciliação
Se quero te amar, choro
E nas lágrimas revive o amor
Que sinto e hei de sentir
Por tempo demasiado longo
Se quero te amar, deito e sonho
Escolho só o que é bom:
Um amanhecer, uma canção
Na cama, ao adormecer
Um país distante
Uma viagem sobre duas rodas
Um beijo molhado
Uma luta de amor
Se quero te amar, fecho os olhos
Ignoro o mau e a visão
Escolho com esmero nuances
Cores, contrastes, tempos
Se quero te amar, me esqueço
De nuvens e fantasmas
Do novelo de intrigas
Que o carinho não desenrolou
Se quero te amar, ignoro
O inconsciente,os retratos
Lembranças e quase certezas
E te laço no abraço da minha solidão.
Vêm-me imagens suas
E coisas doces
Delicadezas e gestos de menino.
Se quero te amar, penso no que foi bom
Em você, nos primeiros dias
Em você, no reencontro
Em você, na reconciliação
Se quero te amar, choro
E nas lágrimas revive o amor
Que sinto e hei de sentir
Por tempo demasiado longo
Se quero te amar, deito e sonho
Escolho só o que é bom:
Um amanhecer, uma canção
Na cama, ao adormecer
Um país distante
Uma viagem sobre duas rodas
Um beijo molhado
Uma luta de amor
Se quero te amar, fecho os olhos
Ignoro o mau e a visão
Escolho com esmero nuances
Cores, contrastes, tempos
Se quero te amar, me esqueço
De nuvens e fantasmas
Do novelo de intrigas
Que o carinho não desenrolou
Se quero te amar, ignoro
O inconsciente,os retratos
Lembranças e quase certezas
E te laço no abraço da minha solidão.
quinta-feira, 14 de março de 2013
Se quero te amar, te amo.
Se quero te amar
Te amo
Vêm-me imagens
E coisas doces
Delicadezas
Gestos de menino
Se quero te amar
Penso no que foi bom
Em você, em nossos primeiros dias
Em você, naquele reencontro
Em você, na reconciliação
Se quero te amar, eu choro
E nas lágrimas revive o amor
Que teima em viver
Resiste ao fim
E se alimenta da minha dor
Se quero te amar
Me deito e sonho
Escolho aquilo que é bom
Um amanhecer
Som de nova canção
Na cama, ao adormecer
Uma volta de bicicleta
Um beijo molhado
Uma luta de amor
Se quero te amar
Fecho os olhos e canto
Ignoro o mau e o terror
Colho com esmero cores, nuances
Contrastes, tempos
Se quero te amar
Me esqueço
De nuvens e de fantasmas
Da partida e do novelo de intrigas
Que o carinho não desenrolou
Se quero te amar
Afujento o inconsciente
As imagens e quase certezas
E te abraço apertado dormindo
No leito de nossas lembranças
Se quero te amar
Te amo
quinta-feira, 7 de março de 2013
Caminho
Este caminho
Não é o meu caminho
Não é o seu caminho
Não é só um caminho
Este caminho
É o caminho
Por onde os passos
Perpassam
...
Este caminho
É o meu caminho
É o seu caminho
Mais um caminho
...
A caminho
De San Tiago
quarta-feira, 6 de março de 2013
VER ADIANTE
Ver adiante
A gente precisa
Ver adiante
Transpor o tempo
Sonhar
Ver adiante
Sentir no hoje
O amanhã palpitar
E o impossível
Desmentir-se
Ver adiante
Cantar a ternura
Rodar por aí
De bike, à deriva
E seguir
Cultivando quimeras
Por “N” jardins
...
Ver adiante
A mais bela paisagem
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013
Poeta de FB
Sou poeta da rede social
Mérito nenhum
Não carrego título
Livro nem menção
Não pertenço a selo algum
De brio, nem um filão
Ser lida é minha única paga
Ainda que arbitrária
A contragosto até
Na página das massas
Faço versos no FB
Meus fãs são internautas
Sou poeta sem emblema
Meu lema é um can can
Can can can can can can
Can can can can can can
Vem Paris, Madrid, Milão
Machado, Andrade, Guimarães
Não debochem da ousadia que é minha
Comiseração
Não vale bancar o mico
E tapar olhos e ouvidos
Nem morrer do coração
Sou poeta sem brasão, sim senhor!
Escritora de portão
Podem mesmo rotular meu ofício
De carência ou vício
E até negarem assento de honra
Na Academia
Pois minhas letras eu grito à solta
No mundo virtual
E qualquer semelhança que haja
Com profissional
Que use terno e gravata, é piada
Com a minha cara, não caia!
Não faço plantão madrugada
Na delegacia
Não confunda esta que vos fala
Com doutor de DP
Só pretendo escrever, escrever
Ser poeta de FB
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013
Seu anjo, agora, também é meu
Ele sussurou no meu ouvido assim
Laralá laralá
Bem baixinho e mesmo assim
Eu consegui ouvir
Lerererelerê
Passou uma brisa de você pra mim
E desabrochou um som
Concluí que esta flor vinha do seu jardim
Tinha forma de violão
E deu fôlego à canção, à melodia
Deu razão ao nosso amor
De parceria
Ele vinha perdido e sem ofício
Balbuciando cifras no vazio
Ele era seu anjo invisível
E se apaixonou por mim, contigo.
sábado, 2 de fevereiro de 2013
O MONSTRO
O monstro
...
Me olha de canto
Mas que nada
Nem é tão feio
Caio de boca
Topo de peito
E foda-se o medo
Foda-se o caso
O certo
Pego pelos cabelos
E olho nos olhos
Com fogo, empenho
O monstro
Cresce por dentro
Se eu deixo
Mas se enfrento
Ele míngua
Fica pequeno
O monstro das expectativas
E desassossegos
Monstro marciano e verde
Seu assombro
É minha vitamina.
...
Me olha de canto
Mas que nada
Nem é tão feio
Caio de boca
Topo de peito
E foda-se o medo
Foda-se o caso
O certo
Pego pelos cabelos
E olho nos olhos
Com fogo, empenho
O monstro
Cresce por dentro
Se eu deixo
Mas se enfrento
Ele míngua
Fica pequeno
O monstro das expectativas
E desassossegos
Monstro marciano e verde
Seu assombro
É minha vitamina.
domingo, 27 de janeiro de 2013
Ai ai, escrever
Ai ai escrever
Trabalhar doer
Vai lágrima
Alma que sai
Respira
O infinito around
E o quê mais?
Você quer ficar
Deixar
Sumir
Mas quê?
Voar
Sentir
Ser
O infinito e tudo o mais
O dia
A noite
A praia
A vida
Música que roda e gira
Molda suas ondas no ar
-Sem gíria, s'il vous plaît-
Não por nada
Palavras eruditas
Também tem seu lugar
E a ópera?
Uma ponte antiga
Trilha trilha...
Folhas amarelas pelo chão
Mira
Quem sou eu?
Pra que sou?
Pensa
Torce
Fixa:
Ai ai
Sina.
Sina.
terça-feira, 22 de janeiro de 2013
Algu'a coisinha
Escrever algu’a coisinha
Pra lembrar do interior
E do cantado da língua
Dobrada de meu avô
Daquela terra ardida
De gente coberta de pó
De minha vó pequeninha
Pitando fumo de corda
Fazer u’a canção comezinha
Sem pretensão, nem discórdia
Fazer u’a simples cantiga
Só pra manter viva a memória
A terra e o chão vermelho
Paredes verdes de tábua
O cheiro de galinheiro
Coisa pra quem é de roça
A cana-de-açúcar queimada
Atravessando as telhas
Cobrindo o assoalho inteiro
Qual asas de pássaro preto
Escrever algu’a coisinha
Pra florescer aqui dentro
Coisas que não se perdem
Nem sob asfalto e concreto.
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