Não quero falar sobre mil temas, quantos temas há pra se falar
As coisas que em mim navegam são sempre as mesmas, enfim sou o mesmo mar
Com estas letras desenho versos, sob efeitos inversos de sombra e de luz
A exemplo de montes e horizontes repetidos em telas sem número
Sob prismas diferentes e influências similares, tão párias
Vou desenhando meus lemas e as cenas da estrada têm idêntico fundo
Que me importam novidades, variedades, palavras afastadas do meu habitat
Se carrego, eu e a humanidade, os mesmos dilemas e os mesmos pensamentos
Sentimentos, destroços, tormentos e sustento desde os primórdios
Quero o simples fim, enfim, flor, amor
Quero as notas óbvias repletas de suave cor
Quero canções, doces canções, doces sons
Posso até falar de Marte, astronauta, disco voador
Então cogitar a morte, a saudade, o coração
Por mais longa a viagem na viagem da imaginação
Não me importam os diálogos com Sócrates, Sartre, Platão
Se não houver neles o choque entre a alma e a razão
E enunciado mole e suave como em Vinícius e Tom.
Lári Germano
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