quarta-feira, 8 de maio de 2013

Gaiola acortinada

Vou ficar aqui sem fazer nada um pouco, só um pouco
Só o tempo de me refazer dos dias, do peso de tudo
As coisas leves alimentam mais: a natureza, as lembranças
Os versos, o silêncio, uma história, uma canção, um beijo
Deitada na areia vendo o sol se pôr, eu queria as tardes
Com o canto do galo e o mamoeiro na janela, as manhãs
Nas noites, lua, estrelas, seresta, corujas, firmamento
O que importa de verdade é simples, mas como é difícil
Manter simples, ficar rente à natureza, ouvir os passarinhos
Sentir o cheiro das flores no caminho, olhar nos olhos o vizinho
Ver as cores... As cores entram pela vista e nutrem a alma cinza
Os passos automatizados, que seguem na rotina, sem atalho
Verde, azul, amarelo, rosa, um beija-flor, o som de um sabiá
Na madrugada. Naquela casa há uma gaiola com cortina
Como é triste a prisão do passarinho que não vê o céu!
Se ele canta, é um lamento de tristeza, uma saudade
Uma súplica pelo azul da liberdade, pelo verde da esperança
E os nuances e contrastes do que se perde neste corre-corre.

Lári Germano

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