domingo, 14 de abril de 2013

BURACO

Um buraco tão grande
Escuro, fundo, mudo
Vem sobre mim e me cobre
Derrama seu negro profundo
E me engole
Me veste
E varre minhas estrelas
Pra debaixo do tapete
A escurecer minha força
Vem sobre mim
Um vazio do infinito
Um lugar escondido
Entre galáxias trançadas a esmo
Ó buraco! Oco do mundo
Pedaço de nada
Que abraça, enlaça
Como areia movediça
Quem se aproxima sem arma
Campo de força
Ou lanças da Idade Média
Assim fico no teu meio
Como um cisco, um inseto
Um asterisco de máquina datilográfica
Sem brilho, sem cor, indefinido
Só um símbolo de grafite
Entre outros mais
Vem sobre mim ao largo
No compasso de uma enchente
E me arrasta pras calçadas
Onde deitam moribundos
Drogados dos pés aos cabelos
Buraco transversal
Fim e começo de tudo
Noite sem lua
Debaixo do cerrar das pálpebras
Num sono sem sonhos
Num plano onde o nada
É o auge e o cúmulo
Da alma.

(Lári Germano)

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