domingo, 14 de abril de 2013

CRACOLÂNDIA

Quando eu passo por eles
Ainda que não olhe pra eles
Ainda que não me compadeça
Posso sentir o cheiro
E no cheiro
Que eu sinto
Eu sinto
Que resiste a existência
Ainda que eu não os olhe
Ainda que eu não os queira
Ainda que me aborreçam
Eu sinto
E o que eu cheiro
Cheira
À sobrevivência
Ainda que não mereçam
Ainda que nada sejam
No entorpecimento
Que evapora ao ar
E no fedor das vestes podres
E peles
Eu me vejo ao avesso
E a que cheira
O inverso de mim
Senão a mim mesmo?
E à minha indiferença?

LÁRI GERMANO

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