terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Algu'a coisinha


Escrever algu’a coisinha
Pra lembrar do interior
E do cantado da língua
Dobrada de meu avô

Daquela terra ardida
De gente coberta de pó
De minha vó pequeninha
Pitando fumo de corda

Fazer u’a canção comezinha
Sem pretensão, nem discórdia
Fazer u’a simples cantiga
Só pra manter viva a memória

A terra e o chão vermelho
Paredes verdes de tábua
O cheiro de galinheiro
Coisa pra quem é de roça

A cana-de-açúcar queimada
Atravessando as telhas
Cobrindo o assoalho inteiro
Qual asas de pássaro preto

Escrever algu’a coisinha
Pra florescer aqui dentro
Coisas que não se perdem
Nem sob asfalto e concreto.

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