Há duas linhas embaixo dos
meus olhos. Duas linhas delicadas, paralelas. Em algum ponto elas tocam uma na
outra, como rios que correm para o mar. Elas olham pra mim, dos meus próprios
olhos, e me dizem: lá se foi quase meia estrada. Duas linhas finas e curtas. Duas
linhas tênues, mudas – não precisam de palavra alguma pra dar seu recado. Há
duas linhas embaixo dos meus olhos. Duas intrusas, travessas, duas meliantes, melindrosas,
obtusas. Linhas duras sob pálpebras tenras que veem como aos seis anos de idade,
com imensa ternura, o vão da existência.
Que maravilhoso isso, diz tanto com um detalhe tão sutil de si, de nós, da vida. Me enocionei ao ler. Obrigado por esse presente.
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