Mãe, por mais que eu te ame
E por ti queira ser amada
Fica mais impossível tornar-me
Ou deixar de ser, ou aprimorar-me
De maneira que me aprove
Sei que és minha mãe e não é fácil
Admitir uma filha escrava
Da liberdade de sentir e cujas vontades
Trocam como troca o tempo
Explico que comigo, Mãe
A exemplo do artista, é assim:
Ora choro de mágoa por não ter ninguém
Ora rio da cara de quem, a meu lado, está
O que me move é a emoção
E ela só resiste em meio fértil, passível
Do exercício de sentir e respirar
Integralmente todos os ares
Tenho orgulho no sofrer
Como depois em maldizer
Quem me inundou de lágrimas
Mas, no fundo, tudo são personagens
Figuras queridas ou paisagens
Que inspiram meu ser doce assim
como é: adepto das inverdades
Quando nelas houver emoção
Permissão pra sentir-me e estar
Impregnada de vida
À liberdade, rendida