sábado, 7 de maio de 2011

Vontade de cair


Se você me tocasse, como seria? Como seria sentir seus lábios de carne, provar a textura de sua boca, a umidade de sua língua? Se eu pudesse tocar sua pele, sentir se ela é fria ou se não. Como seria? Será que meu coração ainda palpitaria sem motivo, ansioso, apreensivo? Chega a doer no peito a expectativa de você. Mas, às vezes você não vem, ou, ao vir, não está. E me sinto tola, peço ao coração pra parar. Será que é um feitiço? Uma coisa ruim, para desviar-me do caminho? Quem é você? Nem sei. Talvez eu te toque e você quebre inteiro, como uma vasilha de vidro quando está quente e a gente deixa a água fria jorrar por cima, e se parte. Será que seu cheiro é doce, como são seus gestos, sua fala mole? Ou será que não há nada além de minha ilusão e fome de aventura? Meu coração palpita tanto que talvez eu não suporte o seu toque. Talvez, de tão inflamada, eu arrebente, como uma pústula à flor da pele, inchada e dolorida que, à primeira batida, se rompe. E se nada disso acontecesse quando você me tocasse e eu pudesse provar cada detalhe, ainda essa doçura em meu peito subsistiria? Talvez seja melhor a dúvida, perambular pelas nuvens. Mas com que forças eu resistiria ao desejo de cair?

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