O que eu mais gosto daqui são os velhos
As rugas juntas e a pele grossa, os cabelos brancos
O que eu mais gosto na Europa são as pedras que compõem as casas
Os prédios pequenos, as igrejas e as ruas do centro
Os tijolos de outras épocas que erguem sólidas construções e arcos
O que eu mais gosto é o destemor de assumir o antigo e o precário
São as avós e as tias zanzando pelas calçadas de Coimbra
Sentadas nos cafés, nas praças, padarias
Com os netos, os amigos
O que eu mais gosto destes dias que surgiram em minh’alma
É a vida, em todas as etapas exposta, e à mostra como uma coisa bonita
Um outdoor, um cartão de visitas
O que eu mais gosto é ver escombros e pátios, janelas e varais
Chaminés acesas e cortinas
Senhoras de casacos de lã e avental pelas ruas, restaurantes, ao pé das casas
Senhores trajando roupas de alfaiataria e boinas
O que eu mais gosto é não haver asilos pra esconder o tempo que passa
Mas abrigos, lugares, cadeiras. Companhia e vida
Nas varandas, nos quintais, nos sítios e paragens
Pra toda essa gente antiga e edifícios
Que envelhecem vestidos de si mesmos
Orgulhosos, pálidos e amarrotados. Ostentando poesia
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