quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Poesia dentro da praxe

Enquanto o trem rangia sobre os trilhos, vindo
Eu vagava cansada, entre nuvens
Procurando enxergar através dos vidros
A fumaça das casas
Viajava há um dia pelos ares
E porque podia medir a distância em tempo
A separação em mim se alongava
Como se fosse definitiva
E, nas árvores ao contorno dos morros
Eu ainda não via as folhas que faltavam
E o cantado da língua não era bonito
Só mais um artifício do desconhecido
Só outro enigma em terra de gringo
Vi minha avó nos olhos de uma velha distinta. E a mim mesma
: olhos atrevidos, amendoados, que riem sozinhos
Às malas quadradas, difíceis de levar,
Reservei os sonhos de peso
Ainda assim, quando as abri, tudo faltava
Parece praxe dizer isso a uma semana de casa
Mas medir o espaço em meses é poema
Com nome predestinado de saudade
Porque quando a distância é tamanha
Que se possa medir em águas
Já se aporta com o peito cheio dela
O oceano transbordando pelos olhos
Ao desembarcar da caravela

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