Eu gosto de histórias compridas. Gosto de romances, livros que se estendem na gente e se multiplicam em detalhes pequenos que nos apaixonam. Compartilham da nossa vida, das nossas pequenas coisas, das nossas noites e instantes despercebidos, e quando a gente dá por si, já não pode deixá-los, eles ficam na gente pro amanhã e sempre. Em personagens, passagens, acrobacias. Às vezes se perdem de seus nomes e títulos, se enroscam em capítulos perdidos, que fisicamente não existem. Eu gosto das coisas que se desenvolvem, dos jardins, das colinas, da areia da praia. De tudo o que se constrói com tempo, paciência e um dedo de mistério. Livros de inúmeras folhas são como a vida: remetem-nos a um lugar que é feito de todo dia e que apraz com a presença continuada e o aconchego das horas solitárias. Robustece com o procedimento encadeado da rotina, que é dotado de uma doçura tênue como as manhãs e seus aromas, e que, muitas vezes, só é perceptível depois da última página.
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