Eu carrego uma tristeza que aumenta com o passar dos meses do ano.
O molhado dos seus olhos me volta, com cândida insistência.
Cada coisa que eu aprendo, cada novo papel que represento, me alimenta esta tristeza, saudosa de um tempo ingênuo.
Esta tristeza que eu carrego não pesa, é como pena. Mas de vez em quando escapa uma no ar, voando ao vento.
E quando chega dezembro, ela assovia com lábios gordos no meu ouvido tristonho.
Esta tristeza de um tempo em que ser presa parecia uma maneira de driblar a solidão.
Mas hoje, neste chão de algodão, tão instável e delicado, místico e nostálgico, que anuncia o verão, sondam-me seus olhos cansados, faltam-me seus braços ao redor.
Prendo-me na liberdade e no amor pulverizado pelo ar de um lugar pra onde eu fui empurrada por suas mãos covardes.
Mas já não me abrigo em claustros. Meu ser cavalga pradarias, transcende os limites da moral.
E ama sem destino ou ilusão. Um amor quadriculado de minúsculos e infinitos quadrados vazios.
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