quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

No que eu acredito

Não vou acreditar no que você me diz, porque você o faz com palavras corretas, e com muitas delas, tudo o que sente por mim. Mas, por mais que eu não queira, acredito nas palavras que escapam de você, de sua pele, dos seus gestos, dos seus olhos atentos. Acredito nos seus passos que vêm em minha direção, e na sua atitude de ficar estanque, à minha espera, quando percebe ter se adiantado demais e se apartado de mim. Não acredito na exclusividade que você me promete, mas acredito nos dias que você me dedica e se abstém de tudo o mais e até se esquece do lugar em que está, pra me fazer companhia online. Não posso acreditar nas suas promessas e planos, no futuro que você me entrega, mesmo sem dominar. Mas acredito nestas sementes que você planta a todo momento e que rega com lágrima de emoção e esperança. Não vou acreditar em objetos ou coisas que nos prendam um ao outro, conveniências. Sequer em objetivos comuns, sociedade. Vou acreditar que sua emoção e sensibilidade, sua música e seu desejo de humanidade, nos conduzirá a uma dimensão maior, para a qual já rumamos. Vou acreditar no nosso aperto de mão, esteticamente improvável, e na candura desta união. E em Deus, que nos apresentou um para o outro neste momento de sonho, não se sabe se meu ou se seu, derretendo-nos juntos, como metal que se funde pra formar uma jóia que brilha, ou uma peça fundamental na engrenagem da vida. Portanto, não se preocupe em falar. As coisas em que eu posso acreditar, não são as vistas, nem as ditas. São as que transparecem sob as vestes e sob os sorrisos. As coisas que eu posso crer, são as que se evidenciam apesar de toda tentativa de disfarce.

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