sexta-feira, 9 de setembro de 2011

AMOR DE FIM DE MUNDO


Vou amar você como quem não quer nada
E viver essas noites à toa
Curtir as madrugadas de boa
E, sem pressa, em insones horas
Deitar meu rosto na sua face
Ignorando a alvorada e o dilema
De amar para sempre em instantes
Medidos de iminente ausência

Vou amar você à sombra
Como quem não tem o que fazer
E comer-lhe a fala e o hálito
Embebidos em beijos
Desconstruir seu argumento
Soprando-lhe o ar de suas próprias narinas
Desfiar fio por fio o raciocínio
Que é a rede onde deita
O tormento da sua partida

O amor que tem pra mim
É bonito demais de se ouvir
E cândido e tenro e triste
O amor que me tem estende-se
Como uma música de Jorge Ben
E eu vejo seus rodopios e medos e saltos
Num balé clássico-dramático
Imprevisível

Vou amar você assim
Como quem dança sobre o abismo
Num dia de tempestade e ventos que assoviam
E a cada passo, negociar com a morte
Mais um pouco de romance
Mais do inesquecível

Vou amar você como quem sabe a data
Em que o mundo encerra o expediente
E deixar que tudo aconteça, ou nada
Até que nos vença o desfecho, o destino

Um dom é desafiar o fim
E agarrar os minutos contados
O sonho impossível

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