quarta-feira, 2 de junho de 2010

Errar é humano

Só há uma certeza:
Você vai errar.
A cada dia, a cada passo,
Há uma certeza
Em nosso encalço:
O erro é fatal,
Apesar do embaraço.
É o motivo,
E a destreza,
É certo percalço
Do dia-a-dia.
É mais que humano
Mais que provável.
É certo
Como matemática.
Por melhor que seja a intenção
É o dano necessário,
Relicário do coração.
É certeza,
Sobre-humano, sobrenatural,
Como movimento e estática
De pessoas e de momentos.

O perdão é o esquecimento.
E o esquecimento será o perdão?
Terá ele o condão de me libertar
Reconstituindo o filme?

De limpar o cristal,
Reintegrar o quebrado do vidro,
Quebrar as muralhas,
Destruir os abrigos?

E entregar-me os campos desimpedidos
E o céu limpo
E as águas correntes
Restituindo as migalhas?

O esquecimento está no perdão.
Perdoa, então, coração.
A si, a outrem,
Além, aqui,
Ontem e hoje – a semente.

O perdão é o esquecimento.


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