segunda-feira, 31 de maio de 2010

Por favor amor, não tudo!


Não posso com tudo. Só suporto um pouco. Não ofereço tudo o que há em mim, porque da mesma maneira, tu não suportarias. E se suportasses, ainda assim pra mim seria um martírio dividir o que não hei de suportar de volta. Só tolero o pouco capaz de me fazer flutuar. O pouco ineficiente em revelar o lado sombrio, a dúvida, a dureza dos fatos. Não suporto tudo, como poderia? Falta em minha estrutura o embate, a coragem do enfrentamento, a obstinação. Com pouco, já tenho muito. Porque tenho a imaginação, a fantasia e o medo. Ah! O medo... Sempre ele está. E nele há um mundo de detalhes e sentimentos sem brechas. Não suporto tudo, só um pouco. Em mim já há muito. Dos outros, e do absurdo de continuar. Por que é de tão raro entendimento o fato de que meu sentimento não coaduna com a revelação completa? De que a entrega aqui só é possível à meia-luz, a metade nas trevas? Não me orgulho. É difícil a restrição a que me submeto. Mas é o preço do prosseguimento, o fardo da emoção que eu quero que haja. Apesar de tudo o que passou contigo, apesar de tudo o que não cabe em mim, um coração que palpite é meu objetivo. Mesmo sabendo-o assim: meia-vida, sem terra. Nele há um espacinho. Uma vaga secreta, ainda inteira. Mas nele não cabe tudo. Só um pouco. Só um pouquito assim. Seja bom, pois, comigo, e aceita-me mesmo assim. Só a parte de mim que ainda cede à parte tua que diz me amar e que ainda crê que não irás já, nem mais cedo que o fim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário