Em tudo, a água. No meu pensamento, no sentimento, no tempo, no corpo, na alma. Preciso da fluidez, da substância, da condução da água. Nos meus poemas e nas minhas falas. Nas relações ou nas finalizações. No trabalho ou na casa. São gotas que pingam aos poucos. Ou correntes que levam tudo. Chuva que soa doce, na fresta da janela larga. Compasso suave de água, que segue cadenciada. Fluindo em córregos, ou reunindo-se em lagos. A água dos argumentos sempre em movimento. A água que é alimento da alma enturvada, esvaída em lágrima. A água que une a alma solitária às outras, mergulhadas no âmbar único de todas as almas. A água que lava o corpo, que revela o fosco, que rebrilha o brio, que preenche o oco. Que molha, refresca e toma. Revela e torna. A água de meus beijos. De meus pesadelos. Dos lagos e poças. Da memória vaga. Do útero. Do citoplasma. A água do agora e do faz tempo. A água que dá cor à Terra. Que está fora e dentro. Que é azul e vida. Enlace entre o que fica e o que vai. Em tudo, a água. Em que se nada e se nasce. A qual se bebe e se chora. A que molha e lava. A que entra e sai. Na umidade da água, a fertilidade. O melhor encaixe. O molde flexível que se adapta. Os peixes coloridos. O barulho da paz.
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