Não quero blindagem
Quero estar sujeita aos ataques,
Quero estar com minhas vestes de carne,
Quero ser eu mesma, atreita a me ferir.
O quão interessante seria viver sem os riscos?
Sem a possibilidade de perigo?
Sem o medo de cair?
Quero o frio na barriga,
O coração palpitando, pressentindo,
O sangue correndo nas veias,
Às vezes, escorrendo da pele,
Que é a camada que fere,
Apesar de outras ainda mais sensíveis,
Que, sob ela, se protegem,
Pra que o corpo não seja morto,
À primeira assertiva do tempo
Ou da dor.
Onde há vida, há cicatriz,
E minha armadura é de coragem,
De pele, sangue e vontade.
Minha blindagem é talhada
Na matéria-prima original.
Com ela não perco o sal,
Continuo a sentir o sabor
De viver sem prever o final.
Nenhum comentário:
Postar um comentário