domingo, 2 de agosto de 2009
Mal humano ser resolvido
Mal resolvido... Quem com mais de 30, não será? Um pouco, pois sim!, porque muito está claro que é problema. Mas, quem não guarda em si uma dor, com a idade que tenho, é porque não viveu. Pois não há como viver sem perdas, sem marcas. Não há como viver sem amar, e tendo amado, não há como dizer que, em algum lugar, não exista algo mal resolvido. Porque também é de praxe que quem ama, vez ou outra, não seja correspondido. Ou que, havendo a correspondência, hora ou outra se acabe antes no outro, o sentimento nutrido. Mas, entenda-me, não é o mal resolvido daquele que não se decidiu. Mas o mal resolvido de quem convive com seus traumas, de quem, apesar de decidido, tem que lutar com suas falhas, e prosseguir. Mal resolvido porque o amor que acaba, pode, externamente, resolver-se. Mas dentro sempre fica o que faltou, o que se quis e não se teve, a figura do outro, que morreu. O mesmo outro que, ao conviver contigo, transformou-te e, ao deixar-te, transformou-te novamente, no que hoje você é. O mesmo outro que foi objeto de teu amor e de tuas juras tão eternas, e que se indo, levou consigo promessas e intenções mal resolvidas. Estas, mal resolvidas, porque nunca se tornarão concretas. Nunca terão correspondido ao que, um dia, resolveu-se que seriam. É de bem que sejamos mal resolvidos, porque esta é a estrada do homem. Juntar seus cacos, desenhar sua história com muito do que realizou e com tudo o que sonhou sem ter realizado. É a junção destas duas coisas, o ser humano. O mal resolvido ser humano. Mesmo o mais ligeiro, mesmo o que não olha pra trás e jamais revê seus atos. Até esse, no fim, terá sido tudo o que resolveu ser e tudo de mal resolvido que o conduziu a ser o que ele foi.
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