terça-feira, 18 de setembro de 2012

Noturnidade


Eu odeio violetas, margaridas,camélias, hortensias.
Eu odeio flores nas pessoas. Quando eu morrer, quero estar nua.
Vestir apenas minha pele.
Pelo menos uma vez na vida, autêntica.
Não quero o perfume da vida no meu cadáver.
Quero finalmente a morte, só a morte em mim. Unânime, absoluta.
Não me façam sorrir, não me cubram de qualquer coisa, das suas lágrimas vis, da sua mentira.
Deixem as flores em paz.
Joguem-me ao mar, pelada. Só a água salgada e as ondas honrarão o meu desejo: nadar em pêlo para o fundo, para o que há de mais noturno.
Sem pensar em volta.

Um comentário:

  1. Não sei porquê, mas me dá vontade de rir na hora que maldiz as flores rs (ta vendo?). Linda a poesia. Agressiva, cojarosa, o preso desejo da entrega, ou da rendição. Paixão e intensidade. Desespero. Amor, sua poesia, o que ha de melhor. Lindo mesmo. Obrigado.

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