segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Assombração


Olha pra mim
estou aqui sentada como sempre
à sua porta
espero saíres devagar, sem ruído
pé ante pé
pegar o casaco, a marmita, tirar o carro
“oi!”
olha
não saio deste lugar aqui
é interessante atrás do muro, as rãs escondendo-se do dia
encolhidinhas
olhos friccionados, pele enrugada
entre folhas, nos buraquinhos
e eu aqui
só pra te ver
espio
assobio até
pra ver se tu me notas
mas não queres me ver
pensas que sou um passarinho
desses tantos passarinhos que pousam por cá
e arrancas com o carro
...
vai
amanhã de novo espero-te
nesse lugar escondido
entre pedras
baldio e poético
uma brecha
uma chance pra você
distante uma nuvem negra se adianta
você parte, ela vem - eu
permaneço.

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