quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Outra flor




Sou flor de papel.
Desmancho fácil.
O toque da mão me amassa,
Um contato mais ágil, me rasga.
O molhado me dissolve,
O perfume me mancha,
O tempo me desgasta.
Sou flor de papel,
Um desenho a lápis.
Só é seguro, contemplar-me.
Ao tocar-me,
Corrompe minhas faces,
Dilacera minha integridade.
No papel, retratada,
Estou segura.
Em outro formato e matéria,
Eternizada.
Mas se toca e apalpa,
Examina, aspira ou aperta,
O desenho deteriora.
Deixa de ser a flor que era.
Deixa de ser, o desenho,
O papel de outrora.
E a flor muda de feição,
Ganha outra história.
Pode mesmo continuar flor
Como pode desmanchar, sem sobra.

Um comentário:

  1. Larissa :

    Menina você tem talento! Li pouco, mas o pouco que li gostei.
    Você já pensou em tornar esses textos soltos em um livro preso?
    “Que saudade do portão azul, sempre aberto.” Essa frase aperta o coração como um garrote de saudade! Senti saudades de um portão que nunca vi.
    Continue escrevendo não pare nunca! Fiz essa bobagem de parar quando era bem mais jovem que você, e hoje, me arrependo muito.

    “É um momento que se esvazia à medida que a pele enruga e que a doçura amarga.” (está é a minha, mais presente, realidade rs)
    Bom dia!

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