Carinho...
É esparramar os membros
E os cabelos em desalinho
Pra o contato oval
Da ponta dos dedos do outro
Deslizando de mansinho...
É entregar-se, como em sono,
À espera...
À medida que as peles se sobrepõem,
Os odores misturam-se,
E, à carícia, soma-se o calor
Das mãos turvas de ternura
Ou volúpia.
Mas também é carinho
O deslize dos dedos quentes
Percorrendo os caminhos
Da pele do outro,
Em busca dos matizes
E dos calores que emanam
Daquela outra superfície.
A diferença do carinho dado
Pra o carinho recebido
É que um, ganha-se inerte,
Enquanto se oferece a pele.
E o outro, no próprio movimento,
Que faz do carinho dado,
Um carinho que se recebe,
Mas que carece da ação,
Do movimento concatenado,
Pra sentir em si mesmo
O prazer ofertado.
Ambos são desfrutados
Simultaneamente.
Mas um se deixa aproveitar parado,
Enquanto o outro aproveita buscando
Através de deslizes, rodopios e cheiros.
Odores, suspiros e arrepios.
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