sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Defeitos do que penso

Tudo terminou quando eu parti e não deixei de bagagem a saudade a quem eu deixava. O sonho do sonho perfeito acabava aos bocados, à medida que a distância aumentava, entre o que eu havia sonhado e o que se realizava. À medida em que diminuía a estrada que me reconduzia ao meu mundo. Há mistérios tão profundos que não são vistos. E sensações tão planas que se julga impossível não desvendá-las. Mas tudo é tão complexo! Às vezes nem o mistério é tanto que não possa ser explicado, nem a sensação é tão verdadeira quanto nítida. Mas como segregar os defeitos? Dos maus julgamentos, que instintivamente fazemos, e das doces ilusões que, inutilmente, plantamos? No céu de minhas nuvens havia anjos. Ruivos nos cabelos e castanhos nas tez curtidas. Mas nas nuvens não há castelos nem príncipes. Como segregar os defeitos que sempre existem no que queremos ou no que julgamos? Como ser menos humanos e não confundir os medos ou os desejos com os passos dados e os segundos passando, contando recados? Terá ruído o castelo ou finalmente se revelado o engano? Anjos não são vermelhos. Seus cabelos anelados refletem o dourado e suas mãos hábeis manipulam não a percussão, mas a harpa. Será este um julgamento? Ou um momento? Uma ilusão pelo medo desenhada? Como segregar os defeitos, as armadilhas da própria charada?

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