Uma saudade poente entre os móveis:
Por baixo da cama, entre parênteses, nos sótãos d’alma.
Intermitente, o tempo outra vez demora
Quase um mês numa hora. Falta a calma.
Reanuncia-se a aurora no calendário
É aniversário, tudo se renova.
Gosto destes dias azuis, que às vezes chovem.
Em outubro, a primavera se instala.
É o tempo mais bonito do zodíaco!
É chegado meu exclusivo e irrenunciável reveillon.
Erro as teclas, o sono me toma. O relógio é implacável.
O que faz o amor são pequenos momentos. Convívio, cimento.
Faltam-me ouvidos e olhos
De se ver e de se ouvir. Estou frangalhos.
Sopro as velas com coragem, segue o barco.
A nau é frágil, apesar do esplendor,
E o casco, de matéria delicada.
Abaixa a proa, a maré que alterna,
Ágil como as ondas, flutua a embarcação,
Inunda-se a cisterna. Investigo.
Pois não me apraz o amor de mal contido!
Pretiro o integral a um bordado de fuxico.
Prefiro água e sal ao mel. Lágrimas fiéis ao mal
De doçura irresistível.
Caminho pela madrugada. O escuro me agrada.
Os vãos são bonitos e os pedaços. O vento dita.
Outubro se espalha: agradável e pungente.
Mais uma primavera, mais um dormente no trilho.
Segue a estrada, o trem apita,
Agora são trinta e cinco.
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