sexta-feira, 10 de junho de 2011

O nome deste poema não tem nome



Flácidas palavras me alegram com seus éles entrelaçados entre consoantes pálidas. Adoro dizer seu nome, e por causa dele descobri que gosto do éle que se enlaça no bê, no pê, no gê, no éfe e no cê, compondo sons inflamados, como clima e flauta, clave e blusa, fluido e nublado. Também gosto de placa, de glória, de Plutão, de Gláucia. E é claro, gosto de Clara, de clareza, de plástico, glicerina, de clorofila. Como gosto de flerte, de Cláudio, de teclado, de Glauber. Adoro mais ainda Clarissa, plasma, templo, plácido. E Clóvis, (minha sina), Blumenau, um destino. Também gosto de planície, do Pluto, de plush, de planta. E ainda de clone, de close, de clamor, de glamour, de gliter, de bloco. Gosto do Tony Blair, apesar de passado, e de Platão, sempre atual. E gosto de tablado, de público, de flutuar ao teu lado. Gosto de flores, de plural, de glossário. De Plínio nem tanto. Mas gosto de Flávio, de Kleber, de sorvete de flocos, de simplicidade. Já Claudete, blindagem, blá blá blá, fluconazol e problema: passo. Mas todas as palavras que, como seu nome, embalam-se numa língua que sobe pro alto, são de dicção formidável. Tem também explicação, aflição, inflamação, conclusão, pleonasmo. Um primo chamado Cleiton, um sonho chamado Glauco. Tem glúten no pão de hambúrguer, e no francês e no de forma, não tem jeito. Tem o globo e a gleba, também tem pleura, também tem pleito, também tem pluma, também tem clero. E a oclusão insegura. E o Klecius da sala ao lado. Tem também o Suplicy, político que gosto. E tem flancos que sobram, e glúteos à mostra, aos montes. Tem gladiador, glicose, glote. E Cleusa, reclusão, suplício, Plutarco. Tem flatulência, glaucoma, clube, glub glub. E tem seu nome, que não digo porque respeito, mas que dá vontade, isso dá, é inevitável. Mas resisto. Em consideração ao bloqueio que trazes: emblema, blasfêmia, oblíquo. E num fluxo incontido de hemoglobina, um blues glacial, Clark Gable, uma flâmula, um clique. Não quero flagrante, nem fluoxetina, nem claustro. Nem catástofLe, nem desastLe, nem pLisão, ou qualquer outra palavra do Cebolinha. Mas o ciclo completo é bem-vindo: a glândula, o clitóris, a plêiade, o clímax.

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