Mostrando postagens com marcador enigma. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador enigma. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 18 de setembro de 2012

A morte é muito viva


Alguém apertando meu coração
com um enforcador
um fórceps
eu mal respiro
meu útero dói
a morte se aproxima
parece ter aceitado meu convite
e vem macia no meu corpo
pequenas pontadas no meu baixo ventre
a partida estaciona na minha soleira
e eu me deito nela
já não existe aquela força, aquele riso
aquela maldita no meu coração
foda-se a esperança
o nada é muito mais doce e pacífico
tem a cor mais bonita
a viscosidade lânguida
do enigma

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

A vida é maior



A vida é maior. De todas as coisas e sentimentos, lembranças e pessoas, mágoas e pensamentos, dores, lamentos, amores. A vida sobressai. Sucedem-se os dias e as obrigações, as refeições todas e o itinerário da sobrevivência, dos cuidados mínimos diários. Conforme a vida segue, indiferente à nossa disposição de viver, o que fica em torno torna-se detalhe, apenas adornos esquecíveis. Permanecem conosco os motivos, algumas nuances e neblinas, aromas e idéias. Mas nem se sabe ao certo quais. A memória seleciona aleatoriamente os momentos que quer guardar. O mais relevante fica pra trás, as companhias imprescindíveis nos deixam, nossa essência se modifica. Porque a gente quer pensar que o que nos faz vivos é o amor, mas a gente vive porque a vida é maior. E isto é tão simples e animal, que a gente não se conforma. Mas a vida sobreleva-se até ao sentimento mais denso e às dores mais fundas. A gente quer justificar a vida, dar-lhe algum sentido. Mas a vida em si é o objetivo e, continuar, à deriva dos acontecimentos, sem escolha ou parada, é um enigma impossível de se desvendar.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Pérola

O que se quebra, quebrado está
Não conserta jamais
É objeto partido, apesar de continuar
Mesmo com um pedaço perdido
O que já foi, já era
Nunca mais será o mesmo
Este é o enigma
Que a maioria não decifra
Nem por toda uma vida
Preciosidades estão ao redor e sempre
Por aí ou contigo
Mas não é valiosa se é rompida,
Se da sua integridade é destruída
É o cultivo, o cuidado,
O esmero dedicado
Que a mantém jóia,
Que a preserva pra história
Que a conserva tesouro
Na memória, até o fim dos dias.