terça-feira, 24 de abril de 2012

Como pedir os sonhos


aprendi
limpar casa com esfregão
apreciar polvo
não chamar português de moço
assar carne de porco
que 'caixa' é queixa
legal é fixe
gerúndio não existe

aprendi
que não entendi é não percebi
usar a segunda pessoa
camiseta é camisola
ênclise não é só história
e creme de leite são natas

aprendi
a ser direta
pôr a mão na conXiência
que linguiça é chouriço
francesinha leva enchidos
que tomadas são fichas
e a luz se abre, não se liga

aprendi
que "beleza" é esquisito
água sanitária é lixívia
pastelaria vende doces
e aqui não há açougues, mas talhos

aprendi
a pedir os sonhos:
dá-me essa bola
de Berlim

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Romance de TV


Não sei se tu és pra vida
Quem me dera saber
Tanta gente eu pensei não partisse
E levou a maré
A vida às vezes faz isso
A gente pensa que pode ver
E ela mostra que além não se vê
Tantas vezes eu ouvi juras
E tantas vezes ouviste também
Mas parece que o futuro
É qual moleque travesso
Acontece do jeito que quer
Carrega o ‘pra sempre’ no bolso
E só entrega a quem entender
Se tu te adiantas, não sei
Mas tenho esperança
Seja este não saber
Uma carta na manga
Pra ganhar um romance de TV
Que dure até o envelhecer

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Perto do mar



Rodam pneus na estrada
Penso em seu nome
Seu jeito de rir de mim
Suas palavras tão sábias
Solidão é não te ter aqui
Com você não há lágrimas
Caminho léguas e léguas
Subo escadas
-Um mundo velho à palma-
Emociona mais o mar
Batendo nas pedras
Em algum lugar do outro lado
Está você, te amo tanto
Você é minha casa
Vem cuidar de mim, Mariana
Meu sítio é contigo, quero te abraçar
Me fazer outra vez teu abrigo