quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Balança do amor




Aritmética do amor: uma igualdade? Seja na alegria, no ciúme, na maldade? Um e outro devem experimentar as mesmas sensações, respirar o mesmo ar? Seja ele de pura paz ou terrificações? Esta é a aritmética? O balanço de tais emoções? Por que não, em vez de sempre o mesmo ar, sempre o bem? Por que não se optar por ficar sem, em vez de impregnar o outro com seus venenos, seus barulhos, com seu penar? Nesta balança quero o lugar seguro. Quero a abstinência. Selecionar só o que é verdadeiro e digno do puro amor. Se para esta dança é preciso que o par troque os sentidos, prefiro o passo sem dor, o escuro da crença. Quero trocar e medir o que tem valido a pena. Não quero igualar as desavenças, os pesadelos, a fé pequena. Só o superior, o terno, o eterno, o amor.

Mensagem

Meu amor, meu alento. Ah, como estou carente do teu tempo, do teu laço premido em meu ser, por fora e por dentro, com a doce constância do bem querer e a terna insistência do suceder dos segundos. Meu mundo é novo e, inteiro, é você.
Não quero desaprender a ser só, mas como é fácil esquecer! Enredada em teus braços, seguida por teu passo, sigo sem prever os buracos ou os percalços. Esqueço como se já não soubesse, como se o novo, de tão novo, o velho fenecesse.
Mas sem resquício algum, o que é mofo, desaparece. Com a esperança dos primórdios tempos de uma vida e o despreparo da iniciativa. Único rastro é uma vaga lembrança, como os cheiros de quando se é criança, que rondam de vez em quando, com alternância e, em segredo, momentaneamente.
É quando o terror me toma a mente, com os horrores e a fumaça do breu. Com os odores do desassossego de outrora. Mas é só memória, é só o infortúnio da inglória caminhada. É só a carência de você de braço dado com o medo de perder-te.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

O amor remove.




Renasci. Em teus braços, no suco doce do teu beijo quente e tenso. Na canção de tuas palavras, enfeitadas de verso e emoção. É outra, esta que sou. Sou também o que eu era , mas agora mais o que você me tornou. É por isto que se diz que o amor move. O amor não só move, como dá vida, à medida que remove a sujeira, o mofo, a apatia. E é assim que se renasce, que se reinicia. Embalada na música do amor, acolhida no calor da pessoa querida. Inebriada com os peculiares perfumes da criatura amada, com sua doce baforada, com seu transpirar. É assim que ressuscito e fico a contemplar. Que pessoa nascerei deste amor único? Não sei. Estou a formar-me. Como o feto no ventre da mãe. Como o adolescente a tornar-se adulto. Só sei que esta que sou, nunca fui, jamais tornarei a ser. Deste novo amor, o que agora sou, sou fruto.