segunda-feira, 22 de abril de 2013

Mãezinha

Vim cantar pra você, mãezinha
Pra recordar nossos melhores dias 
Te embalar em minha melodia
Como você fazia comigo
Mãezinha, com pedaços da sua alegria
E do acalanto da sua voz
Que me ninava macio
Que me ensinava a vida
Que pr'aqui me trazia
Faço esta canção
Com retalhos da magia contida
Nos seus beijos, carinhos, abraços
E do toque suave de suas mãos
Que sempre me conduziram
Nasce esta homenagem
Pra dizer que tu és minha querida
A mulher que mais amo

Que não esqueço jamais
E guardo no lugar mais especial
Mãezinha, muito obrigado
Por você cuidar de mim

Por você estar aqui, me amar
Se nada houver além disso

Já me basta você do meu lado.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

SER MÃE

SER MÃE
(Lári Germano)

Ser mãe
É gerar a esperança
É insuflar em uma criança
O dom maior

Ser mãe
É contar luas e dias
É guardar expectativas
Num futuro em que exista

Amar, querer
Zelar, suster
Ser mãe é dar a essência
A alguém que aí vem

É doar sem querer nada em troca
Sem querer nada além de você
Ser mãe é amar e prover
Não ter não, nem porém

Ser mãe
É dormir e acordar
Com pensamento em amar
E formar um ser

Ser mãe
É torcer sem medida
É vibrar por qualquer conquista
Como se fosse a Copa

Ser mãe
É mover um Moinho
Por apenas um pedacinho
De gente em si

Ser mãe
É criar uma centelha
É mover-se em incertezas
E ainda crer

Ser mãe
É trilhar novos caminhos
É deixar que outro sentido venha
Ser mãe é entregar sua vida
Em lugar de outra vida


(Lári Germano)

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Gosto é gosto

eu gosto assim
quando escuto e caso
:ideia que vaza pelas bordas do poema
e trespassa a rima

eu gosto do que gosto
não tem regra, tema ou moda
se houver empatia
meio caminho andado

a obra cria vida
levanta-se sozinha
como um potro novo
que nasceu há pouco

eu gosto quando ouço e nada falta (...)
ainda que eu não alcance as entrelinhas
e o algo mais me escape
se eu gostar, basta

eu gosto do que eu gosto
porque gosto é gosto
e não se explica

eu gosto com a alma
com aquela parte abstrata
que ninguém toca ou vê

eu gosto com os sentidos
com boca, olhos, ouvidos
eu gosto sem porquê

e se eu me calo
é porque na arte
o mínimo às vezes é o máximo.

domingo, 14 de abril de 2013

BURACO

Um buraco tão grande
Escuro, fundo, mudo
Vem sobre mim e me cobre
Derrama seu negro profundo
E me engole
Me veste
E varre minhas estrelas
Pra debaixo do tapete
A escurecer minha força
Vem sobre mim
Um vazio do infinito
Um lugar escondido
Entre galáxias trançadas a esmo
Ó buraco! Oco do mundo
Pedaço de nada
Que abraça, enlaça
Como areia movediça
Quem se aproxima sem arma
Campo de força
Ou lanças da Idade Média
Assim fico no teu meio
Como um cisco, um inseto
Um asterisco de máquina datilográfica
Sem brilho, sem cor, indefinido
Só um símbolo de grafite
Entre outros mais
Vem sobre mim ao largo
No compasso de uma enchente
E me arrasta pras calçadas
Onde deitam moribundos
Drogados dos pés aos cabelos
Buraco transversal
Fim e começo de tudo
Noite sem lua
Debaixo do cerrar das pálpebras
Num sono sem sonhos
Num plano onde o nada
É o auge e o cúmulo
Da alma.

(Lári Germano)

CRACOLÂNDIA

Quando eu passo por eles
Ainda que não olhe pra eles
Ainda que não me compadeça
Posso sentir o cheiro
E no cheiro
Que eu sinto
Eu sinto
Que resiste a existência
Ainda que eu não os olhe
Ainda que eu não os queira
Ainda que me aborreçam
Eu sinto
E o que eu cheiro
Cheira
À sobrevivência
Ainda que não mereçam
Ainda que nada sejam
No entorpecimento
Que evapora ao ar
E no fedor das vestes podres
E peles
Eu me vejo ao avesso
E a que cheira
O inverso de mim
Senão a mim mesmo?
E à minha indiferença?

LÁRI GERMANO