sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Vazio

Este imenso vazio não é culpa de ninguém, de nada. Existe sozinho, sem interferência ou pedido. Existe... Por si. Só. Uníssono.
Este vazio abismo, oco, surdo. Este vazio... Vem em mim sem mais, sem assunto, e fica. Sente-se em casa, põe os pés no sofá, fuça na geladeira.
Este vazio se beneficia do veículo que me separa do outro a caminho de casa. A caminho...
Se a cidade fosse menor, eu andava, e podia ser que esse vazio se perdesse, enfim.
Esse vazio às vezes enche.

Uma mãe dessas com quem se pode chorar

Eu queria chorar no ombro de alguém agora. Chorar até ficar oca. Eu queria uma mãe dessas com quem a gente pudesse chorar... Mas a dor que eu sinto é também a ausência, o desencaixe, este sentimento inevitável de solidão que só quem não tem com quem chorar, conhece.
Eu fico sentada entre as pessoas, entre desconhecidos, à procura de algum consolo. Mas esta cidade me é tão familiar que nem a multidão me reduz ao mínimo. Sinto como se sempre me soubesse parte dela e como se cada um me acolhesse, até no alheamento.