segunda-feira, 25 de agosto de 2014

sei viver não

eu não sei viver não
só rastejar em chão de amor
meditar
querer o amor
respirar
sonhar com o Nepal
as tribos indígenas
as águas turvas
do rio divino
um dia sereno
a paz (cadê?)

ir em frente sem medo
decifrar o segredo
(quem vai?)
e dizer-me como
viver
como vive quem
sabe viver

espero você que não vem
que vai, que sai
se deixa
e eu não sei se fico
ou se parto
se estou, sou [lunática]
bato asas sobre montanhas
(montanhas sem cume
ou escalas)

quero entender
saber viver
com a certeza de um réptil
nas areias do deserto
de um leão faminto no inverno
entre arbustos secos, intragáveis
(à mostra o esqueleto)
...
vem você que sabe, diz:
onde aprendo? [ensina]

L.G.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Amar sem amor

Me ensina um novo jeito de amar
Um jeito de amar sem amar
Sem tocar
Sem tecer.
Um jeito de amar "en passant"
Um jeito de amar sem sofrer

Me ensina a amar sem marcar
A amar sem querer
A amar sem estar.
Sem pensar
No amanhã
No por quê

Ensina um jeito de amar como deus
Como flor.
Um jeito de amar-montanha
Areia.
Um jeito de amar
Borboleta.

Me ensina um jeito de amar sem choro
Sem mão dada, pé na estrada
Sem antenas.
Sem pegadas
Sem migalhas
Tormentas.

Ensina-me a amar sem amar
A amar como manda a revista
A amar sem nada que prenda
(Sem sonho, sem isca
Âncora
Pista).

E então vou te amar sem falta
Nem flauta
: como um peixe, uma lesma.
(Não como gato ou cão
Que se entristecem
Com a perda).

Te amar sem amor
Nem lenda.