terça-feira, 31 de maio de 2011

só seguir


uma ausência de pensar
só seguir
acho que é assim
que vive quem não é de versos
nem de cantiga
só seguir
sem fazer sentido
sem buscar o perdido
sem pensar
é assim que é com quem não é de mar
nem de penar
sem pesar, sem porém
deixa estar
dá uma inveja em mim
essa coisa que se contenta e vai
é uma inveja sentida
porque na ausência que me tem
não tem essa calma boa
de quem vive sem pensar
e deixa estar

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Folha que cai


Tudo como um sonho. Inspiro profundamente e há um cheiro tênue daquela flor noturna intensa, que aos poucos se esvai, com o dia que nasce. Tudo torna à claridade. A névoa do amanhecer ainda anuvia a vista, anestesia as sensações oblíquas. Mas a revelação se anuncia. E, ao redor, a magia imprescindível ao enfrentamento do escuro, cai como uma folha seca. E ninguém nota. Depois do raiar do sol, é só mais uma folha na terra, depois do seu dia de estrela. E o essencial se modifica. As ilusões da noite tornam-se pequenas e desarraigadas do dia.
E, depois da magia, o que fica? A visão. Há coisas que vão, há coisas que ficam. Não importa quantas folhas caiam, desprovidas de vida.
Mas logo virá outra noite, outros sonhos e aromas. E no percurso noturno, hei de convencer a mim mesma não sobreviver sem uma única folha escolhida, verdinha e tenra, pendurada entre as outras. E haverá juras e ameaças de morte. Até que de novo amanheça. E novamente não haja lágrimas, nem ilusão, nem outra dimensão necessária além desta.
Poeta... Um ser incorrigivelmente teatral.
Os sentimentos são estações do tempo, que ele atravessa.
E se sobre elas há luz do sol, nada o abala.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

quando não houver solução, ouça o coração



Ontem você acordou assustado: tantos pensamentos jogados pelo chão. Raciocínios calculados, milimetricamente desperdiçados, desfeitos. Ontem você acordou vazio e atravessou a passos largos o chão de encruzilhadas, cambaleando sobre novelos  de hipóteses. Ontem você contemplou de fora a trama e o empenho da razão, como um telespectador. E, segregado de todas as explicações e justificativas de sempre, pensou: “na dúvida, só uma coisa a fazer:  A coisa certa”. Ontem, quando você acordou um pouco fora de si e se reencontrou, constatou o que ainda restava consigo: a vida ainda virgem que pulsava. As emoções contidas que ainda não vestira. As batidas desconhecidas e altas que vinham do coração. E, despido de teoria, abraçou o risco afeto a quem se dispõe a fazer a única coisa certa possível. E sorriu francamente, olhando-se no espelho com surpresa e alívio. Ontem, quando você acordou.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Bilhete premiado

Eu disse que não escreveria,
Mas não posso.
É demais que eu não te invoque
Ao menos através
Destes versos estáticos.
Tudo na vida, é vontade.
A nossa será bastante
Pra ficarmos distantes
Estando tão ligados?
O que faremos da paixão?
Dar-lhe-emos o condão
De ser nosso pecado
Ou apenas o acaso
Que deságua em nossos braços
O destino premiado?

Lágrimas de plástico


Não limite meu espaço
Não me venha com seus traços
Eu passo a borracha
Sou forte como uma rocha
Que a força do tempo erodiu
O mar debruça sobre mim
E a luz das estrelas me atravessa
Porque, apesar de feita de pedra
Por meus poros largos, perspassa o presente
Alcança o futuro
E lá é que está o momento
Em que tudo fará sentido
Minhas lágrimas são de plástico
Recicláveis e indolores
Querendo, jogo-as no vento
E  poderá usá-las um pouco
Sem arriscar-se à dor
Sem desperdiçar sal
Ou escolhas

Voyeurismo poético

Escrevo pra não explodir. Você, só me olha. O voyeurismo poético é uma nova modalidade de aliança. Ela não nos enlaça o dedo, mas acorrenta nossos corações. O corpo quer estar à solta, como um templo. Mas é impossível estar tão disponível na distância, no proibido.
Mutila-nos a consciência, essa coisa que nos impele a ser semideuses, apesar do corpo, da dor e de todas as nossas fraquezas. E sofre o espírito com a razão.
Que atrocidade esperar que paixão como essa acabe! É como deixar de regar uma planta viçosa e ampla.
Abdicar do que nos volta um pouco para o alto, nos aproxima do divino, da maravilha da onisciência, da onipresença, do amor sem condições, é uma aberração, uma autoviolência. Sufocar esse sentimento que quase nos afoga é como desfazer-se de um membro ou um sentido.
Mas quão livre seríamos sem os grilhões das convenções? Suportaríamos andar donos exclusivos de nossos destinos?
Responsáveis irrenunciáveis da nossa própria felicidade?

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Praia de pedras


Sabe quando alguém engasga e tosse aquela tosse contida, inesperada, um tanto quanto imprópria, mas inevitável, a fim de expelir o objeto que lhe atravancava a glote? Foi assim que você me deu as doçuras poucas que tinha pra mim. Expeliu-as um pouco contra a vontade e num repente e eu tive que colhê-las como quem cata conchinhas numa praia de pedras.
Escrevo-te como quem reza. Semeio palavras ao vento e elas transitam sem destino, impregnadas de feitiço. Agarro-me à fé e fico à espreita, torcendo pra que elas o atropelem e o impregnem de qualquer coisa minha que porventura carreguem.
E sobrevivo das expressões mínimas e revelações imprecisas que escaparam à tua atuação impecável de homem em dúvida.

Queixas sobre o poeta


Um poeta não tem crédito. Seu pensamento é poesia.E o que é poesia? Diante de todos os arranha-céus da cidade, se impondo sobre a cabeça do homem que corre?
Estrela em cabeça de poeta é poeira na cabeça do homem comum. Às vezes incomoda a vista e resseca a íris. É como uma mordida de inseto que coça e incha, mas não se sabe de onde veio ou pra quê serve.
Um poeta não é alguém em quem se confie. É um artista. O que pode saber da vida?
Tudo num poeta é enigma.
Mas é a lógica que determina a seqüência da vida. A comida dentro do armário, os chinelos estendidos no assoalho, a grana amontoada na carteira. Os livros repletos de dados sobre a mesa da cozinha e as contas, todas depositadas para o dia do vencimento, em alguma gaveta específica.
Isso é a vida. Faço o quê com tua poesia? Com tua mania de botar flores em tudo e jogar purpurina na mobília da vida, como se tudo precisasse ter brilho pra ter sentido?
Fizeste uma poesia uma vez, o nome dela é “Encantada”. Ah, poeta... quanto tempo se passou desde então? Continuas irremediável! Queres contagiar quem está ao redor com tuas teorias impossíveis e ainda recomendas que leiam: “Encantada” e outras coisas, muitas postagens atrás... Esqueces, poeta, e te conformas.
Um poeta deve usar óculos pra enxergar que a vida é dura e composta de tijolos. De asfalto, pedra e telhado. Que pra se viver é preciso casa, é preciso carro, é preciso banco. É preciso título, é preciso nome.
Poeta... Ficas com essa coisa de pensamento e indagação enquanto alguém dá o malho por ti, sem tempo pra filosofisses... Enquanto alguém batalha, pensas em amor e sonho. Companhia, liberdade, verdade da vida.
Por isso, não és alguém pra quem se possa pedir conselho ou opinião sobre a vida. És um ser alheio.
Por que não sentas, estudas, sê alguém na vida? Casa com alguém que te pague as contas e te faça outro filho, pra que te ocupes, tenhas seu lugar no mundo e deixes essa obsessão por ser quem és de verdade, curtindo a liberdade que te impele à solidão mais crua?
E que, ainda assim, não te feres. Nela, encontras teus conceitos, tua ânsia de embriagar-te. Não te entendo.
Por essas coisas, poetinha, não és alguém em quem se confie. És só uma pintura antiga, que às vezes a gente olha admirado, às vezes a gente não compreende e a maior parte do tempo a gente acha fazer parte da paisagem, e ignora.

E SE PASSAR?


TUDO VAI PASSAR
O CALOR NAS FACES RÓSEAS
O AMOR DE POUCAS HORAS
O PENSAMENTO FIXO EM VOCÊ
TUDO VAI PASSAR
PODE NÃO SER AGORA
E QUE AINDA HAJA UM POUCO
DESTE TORMENTO EM MEU SER
(OU MUITO, NÃO SEI)
TUDO VAI PASSAR
E TALVEZ, QUANDO ACABAR
EU AINDA NÃO SAIBA AO CERTO
SE FOI SORTE TE QUERER
OU AZAR

terça-feira, 17 de maio de 2011

Declaração de amor não dita


Te amo.
E meu amor é como um caule.
Nele pode ser que se pendurem galhos,
Folhas, flores, frutos, borboletas
E, então, os sulcos na minha carne terão cores.
Pode ser, contudo, que eu não os queira.
E permaneça estanque.
Incauto como um velho e mudo tronco
Preso às próprias raízes.

O livro que vem vindo




o amor talvez seja
a inspiração inteira
do livro que ainda não nasceu de mim

Tela cheia

Uma paixão interrompida é uma pintura finda
de uma tela impossível de se reutilizar.

Poeta, poeta

quando a gente lê um poeta poeta
fica tentado a imitar sua perfeição imperfeita
impossível

domingo, 15 de maio de 2011

Antipoesia


Escrevo-lhe a última poesia
E ela é uma antítese
A tudo que rima ou rimou.
É pra falar da sua cor de papel cinza.
De suas emoções à flor da pele,
Talvez um suor gelado pingando
Dos dedos compridos.
Quais os nomes das sensações que eu vi
No seu rosto lívido?
O mundo gira tanto, isso não é bom?
Você em família. Eu, comigo.
Eu com minha companheira de jornada infalível:
A liberdade. - Não pense que ela não é boa amiga!
Estou livre. E tudo pode me acontecer,
Sem medo, sem culpa, sem impedimento.
Mas, de você, eu senti apenas
O quanto pra sempre o conheceria.
Nada mais.
Você é apenas mais um nome próprio
Em poesias antigas.
E, de sua família, não posso dizer feia ou bonita.
Pra mim nada significa.
Esta é a última poesia que lhe faço.
E ela é uma antipoesia.
É sobre o sentimento que já não existe
E sobre outros que persistem,
Bem menos poéticos,
Bem mais passivos e lúcidos
Enfim amenos:
Amigo. 

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Juízo de areia


Será que a paixão tem uma razão de ser
Ou é só um batuque sem porquê
No nosso corpo moco?
Surdo, enquanto não há o som
Do desejo, que é água de mar,
Batendo nas beiradas da gente?
Erodindo tudo aos bocados,
Tornando areia, o juízo,
E pecado o sentido
De estar vivo?

Pérolas caídas


Se acaso, outra vez,
De mim, caírem lágrimas,
Não tem nada.
Serão pérolas caídas,
De ostras fechadas,
Que se abriram delicadas
Por você.

Sentimento imenso


Quero sua companhia,
Saber como foi ontem,
Quando chegou, se dormiu bem
E se, quando acordou,
Sentiu-me por perto -
Porque por perto, eu estava.
Quero saber o que você gosta de comer
E de que forma e hora.
Quero saber se você dorme
De boca aberta ou fechada.
Essa fome de você só aumenta
E eu não me cansaria
Nem se você falasse comigo todo o dia.
Só não sei se o corpo agüenta
Paixão assim tão intensa,
Estou em brasas!
Meu corpo inteiro movimenta e soa
Não sei por onde escoa
Este sentimento.
E, se não sai de mim
Onde, então, estarei eu, tão pequena
Diante dessa emoção imensa?

Sua

Sou sua agora
Não importa o que há em volta
Não há rota de fuga
Serei somente sua
De agora em diante
Até o instante
Em que meu corpo couber no seu
E minha emoção na sua

quinta-feira, 12 de maio de 2011

O lugar da alma


Essa coisa tem o condão de nos embriagar, de fazer com que aspiremos ao elo mais estreito. É algo cujo domínio é tão improvável que a rendição não é infortúnio, mas entrega à própria essência. Dessa coisa vem o desejo de ser exclusiva, de enclausurar-se na magia e lá morar pra sempre - ainda que sozinha – na companhia dos próprios pensamentos, sonhos e pequenos momentos. E por mais que o corpo siga no tempo, da alma fica pra sempre o sustento, nesse lugar de se apaixonar.

Horas doces

Horas doces são poesias não escritas.
Versos de se contemplar quieto.
Sem a mancha do concreto, sem a expectativa.
Horas doces são um objeto raro que se deteriora por mais que a gente proteja.
Um momento isolado, que enseja a memória mais cara.
Aquela guardada com uma dádiva, um presente.
A que será lembrada pra sempre e, com sorte, na última hora.


terça-feira, 10 de maio de 2011

Gotas de chocolate

Vou escrever uma poesia pra dizer que o desejo em silêncio e que este gesto contido é mais nobre que o ordinário. É um presente distante, um carinho estendido que acalenta seu ser, sem que você saiba. Este sentimento, não alardeio. Apesar da beleza, o detenho pela consciência de que seu ser existe fora de mim, apesar de tão dentro. Vou escrever uma poesia pra dizer com versos feitos e palavras repetidas, doçuras mínimas omitidas entre nós. E quero dizê-las com água na boca, como dizem gotas de chocolate ao se derreter. E através delas, o beijo dezenas de vezes, com o sabor e o molhado do mais cândido oferecimento, só possível em sonho e envolto no sândalo do verdadeiro sentimento.

sábado, 7 de maio de 2011

Vontade de cair


Se você me tocasse, como seria? Como seria sentir seus lábios de carne, provar a textura de sua boca, a umidade de sua língua? Se eu pudesse tocar sua pele, sentir se ela é fria ou se não. Como seria? Será que meu coração ainda palpitaria sem motivo, ansioso, apreensivo? Chega a doer no peito a expectativa de você. Mas, às vezes você não vem, ou, ao vir, não está. E me sinto tola, peço ao coração pra parar. Será que é um feitiço? Uma coisa ruim, para desviar-me do caminho? Quem é você? Nem sei. Talvez eu te toque e você quebre inteiro, como uma vasilha de vidro quando está quente e a gente deixa a água fria jorrar por cima, e se parte. Será que seu cheiro é doce, como são seus gestos, sua fala mole? Ou será que não há nada além de minha ilusão e fome de aventura? Meu coração palpita tanto que talvez eu não suporte o seu toque. Talvez, de tão inflamada, eu arrebente, como uma pústula à flor da pele, inchada e dolorida que, à primeira batida, se rompe. E se nada disso acontecesse quando você me tocasse e eu pudesse provar cada detalhe, ainda essa doçura em meu peito subsistiria? Talvez seja melhor a dúvida, perambular pelas nuvens. Mas com que forças eu resistiria ao desejo de cair?

Não me perceba


A doçura desconhecida do intocável
Minha poesia é inútil
Mas, de mim, o único imutável
Deixe-me estar aqui
Sem o teu percebimento
Deixe minhas batidas
Percussionarem à deriva
Não preste atenção
Deixe-me estar contigo
Mas sozinha
Sem o seu conhecimento
Sem o seu consentimento
Deixe minha iniciativa
Deste jeito te toco com os lábios
E com a ponta dos dedos te contorno
Sem que você saiba
E não me envergonha o sonho
Que fiz em mim acerca de ti
E de teu rosto sereno
E de teu riso tímido
E de teu olhar perdido do meu
Deixe-me anônima e assim
Tua doçura não censure
A minha ousadia
A pouca lisura
Da minha companhia

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Brincadeira de amor


Uma vez eu quis amar-te, mas não pude
Outra vez, ignorar-te
E, outra vez, não pude
Teve uma vez, ainda, que desejei
Não tivesses cruzado comigo
Mas esbarraste em mim, foi impossível
E , de repente, aconteceu
Que uma vez desejei que fosses outro
Ou tivesses outra condição
Pra que eu não me sentisse deste jeito
Inteiramente na tua mão
Mas quem disse que minha vontade
Manda alguma coisa neste mundo cão
Nem a minha, nem a de Drummond
Nem a de Teresa, nem a de João
Ou a de Raimundo, ou a de qualquer um
Ow quadrilha imprevisível essa coisa de amor!

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Permissão



Mãe, por mais que eu te ame
E por ti queira ser amada
Fica mais impossível tornar-me
Ou deixar de ser, ou aprimorar-me
De maneira que me aprove
Sei que és minha mãe e não é fácil
Admitir uma filha escrava
Da liberdade de sentir e cujas vontades
Trocam como troca o tempo 
 Explico que comigo, Mãe
A exemplo do artista, é assim:
Ora choro de mágoa por não ter ninguém
Ora rio da cara de quem, a meu lado, está
O que me move é a emoção
E ela só resiste em meio fértil, passível
Do exercício de sentir e respirar
Integralmente todos os ares
Tenho orgulho no sofrer
Como depois em maldizer
Quem me inundou de lágrimas
Mas, no fundo, tudo são  personagens
Figuras queridas ou paisagens
Que inspiram meu ser doce assim
como é: adepto das inverdades
Quando nelas houver emoção
Permissão pra  sentir-me e estar
Impregnada de vida
À liberdade, rendida

Velha novidade


Meu coração acordou
Ele que dormitava
E agora que despertou
Pôs-se a engrenagem a mover-me
Em direções inusitadas
E para que eu siga ao encontro
Do externo que me cerca
Da companhia alheia, enfim
Do que em mim havia em volta
Mas, que, enquanto a rotina
Era a estática: eu já não via
Agora posso sentir outra vez
Coisas estas e outras
E se multiplicam as esquinas
E pra onde quer que eu vire
Inspiro novo ar e partículas
E me enche os pulmões a vida:
Velha novidade

terça-feira, 3 de maio de 2011

Redoma


eu só quero dizer
que o que há em mim é humano
enquanto o que há em ti, é divino
que, entretanto, não tenho posses outras
que o que me move:
o instinto
e tu, que virtudes?
se o compromisso te aprisiona
em redoma de vidro
(frágil e transparente)
atravessam seus sentidos
pro externo proibido
enquanto ficas aí
vendo tudo através
de ti mesmo, protegido

Amor platônico


Há quem diga que a paixão
É a emoção do toque, a coisa da carne
Há vezes em que somente é sensação
Mas há vezes em que transcende
A realidade e prescinde do choque
É autossuficiente, não requer nada
A não ser a presença do ser
Que mera e simplesmente
Na sua existência, basta
E tudo ao redor se torna inaudível
Ininteligível, impraticável
Desnecessário, incongruente
Porque faíscas se espalham
E o corpo quer o diálogo
Que verte dos inconscientes
E essa é a magia admirável
O ingrediente, único necessário
Pro encontro cármico de dois seres
Platonicamente apaixonados