quinta-feira, 4 de agosto de 2011

NARCISO



Das palavras que falo
Ouvem-se poucas
Minhas idéias são as internas
E não as ditas
Menos ainda, as ouvidas
O ouvinte escolhe
Entre os caminhos
O sentido possível
Aos seus frágeis ouvidos
O diálogo é qual o aprendizado
O que se quis dizer
Às vezes fica perdido
No espaço que separa
Um ser do outro
Na vala que faz, de cada alma
Uma trilha solitária e árdua
Apesar de acompanhada
Na insistente tentativa
De compreender , de alcançar
De aliar-se a um par 
Das conversas, caminhos se abrem
Em escolhê-los com cuidado
E fidelidade, faz-se o diálogo
Mas o alcance total é inviável
Não queira a compreensão integral
Só Deus sabe - e eu
O sentido das palavras que abrem
A estrada por que caminho
A pilastra em que se apóiam os detalhes
Que me conservam indivíduo
Alcançar-me é impossível
Explicar-me, portanto
Inútil, incrível
Das palavras que profiro
Tudo o que vê
São os destinos que dita
Pra seu próprio sentido
Narciso!

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