segunda-feira, 11 de julho de 2011

A escalada

Prefiro subir, subir, subir
A taquicardia, o fôlego que falta
O sacrifício de uma escalada
À planície que se estende molemente
E se alarga, como as horas da tarde
Compridas, intermináveis
As horas do dia não são todas iguais
As horas da tarde demoram-se mais
Penosas, tolas e cansadas
Como são as retas da estrada
Sem a expectativa do fim
Sem a montanha à frente estendida
A vida não tem a mesma graça
Sofre viver assim
Ou se vive mais, sofrendo, enfim?
Incessante e inútil, a perseguição de ser livre
Nunca pode, o ser, livrar-se da liberdade que tem
Intrínseca, como a alma e o amor
Amor que se infiltra nas paisagens
Nos bichos e nos perfumes
Na rotina da vida diária e seus pequenos detalhes
Compromissos, agenda, tarefas
Que se impõem e sobrepõem e se transformam
Num pássaro, às vezes, ou numa casa
Num cesto de roupa lavada
No topo de uma montanha
Cada hora muda de nome
O amor, o desejo, a liberdade
O ser humano 

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