quinta-feira, 15 de abril de 2010

Areia movediça





Não entendo como foi tudo acabar assim, o que parecia tão quente não ter mais nenhum calor. É estranho também que eu te tenha esquecido tão já. Uma pedra sobre você, agora que já não tenho lágrimas nenhumas. Também não sei porquê. Chorei-as todas em uma semana. Agora já não posso. Já não as posso alcançar. Mergulharam na areia movediça das expectativas não consumadas. E não as olho mais. Assim, não as posso chorar na ausência da lembrança, como se nada mais houvesse, nem o que lembrar. Mas isso é porque a dor cobriu de cal a doçura dos momentos perdidos para que não doam mais. E para que eu possa seguir dona de mim, sem olhar pra trás. Para não dizer que nada lembro, permito-me lembrar a frieza de seus olhos e a dureza de suas palavras a justificar os olhos frios e a partida repentina. Este é o fato desconexo de seus pesadelos: a improvável despedida que sucedeu isenta do seu pesar.

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