domingo, 19 de agosto de 2012

COREOGRAFIA DO DESTINO


Sabe dançar, se embala
Eu não sei
O amor é uma palavra bonita
Fácil de rimar
Sábado, um bom dia
Quero uma saia florida
Que no chão arraste
Minha identidade não passa
Recito
Mas você gostava que eu gritasse?
Seu corpo vai redondo
Amanhã é domingo
O som é grave
Talvez um tiro?
O despertador me acorda
Com único tinido
Pim!
Cai aqui
Nas minhas cadeiras sem rebolado
Me xinga com coragem, sem pudor
Tipo Paula Miasato
Quem não quer?
Seus nojos não convêm à libido
Me beija saliva
Me lambe sorvete
Se derrama, vai!
A que veio essa dança?
Encara
Não requebre à toa
Os balés exaurem
Vê se me erra
Ou deixa de coreografia.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Bolha de sabão


Uma bolha de sabão
Kraft Kraft
Daquelas gigantes que se inflam com cordas e engolem gente
Era essa a viagem
Pousou na calçada, desfazendo-se
A água era quase nada
E o sabão apenas o brilho azul na lembrança
Sua passagem, um devaneio
Veículo de estrutura leve
Pr’aqueles sonhos mais breves de se realizar
E a moça sem dentes
Kraft Kraft
Não tinha cabelos, nem mangas
E sorria com as mãos enquanto movia as cores da bolha no ar
Só uma criança banguela
A moldar um círculo que evapora
Enquanto sorri
Pluft 

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Cabo do Espichel


Estrada de alfazema e alecrim
tão perto das estrelas fica aqui
um despenhadeiro em cores claras
se estende
e toda gente pode ouvir
divino tambor de águas
estrada de poeira e alecrim
do alto, a ribanceira ri de mim
à beira do oceano
vejo como um filme
planos e sonhos
passando
à volta de Sesimbra
vindimas e finos sabores
com olhos no azul
que perpetua o horizonte
rumamos pra vida de antes
além-mar
e as lembranças e os pores-do-sol
ressurgem
numa serenata de adeus
estrada de areia e alecrim
encerra este caminho
e remete a uma era de dinossauros
fica meu rastro sobre essas pegadas
levo as falésias e o Sado
cobiço um fado
até à vista, Portugal