Não sei sobre o que quero escrever
Se sobre a capacidade de amar
Que certas pessoas não têm
Ou sobre o destino,
O Mistério da vida,
O poder de deixar que a vida aja,
Adaptando-se às curvas
Não planejadas da estrada.
Ou se sobre os beijos
E seus formatos
E gostos
Variados.
Não sei se quero falar sobre as cores
Ou sobre os sons.
Se quero dizer sobre o certo e o errado
Que talvez não existam.
(Eu acho que sim).
Ou se sobre os acasos,
O omisso,
Aquilo que, escondido,
É o que somos,
Mas não precisa ser revelado.
Todos têm seus segredos.
Seus mistérios.
Não sei se quero falar
Sobre o tempo,
Que não é linear,
Mas redondo.
Um globo, como o terrestre.
Sim...
E, às vezes, buscamos a resposta
No passado,
Quando ela está no futuro
Que já acontece
Num outro plano.
O futuro que, por vezes,
Vislumbramos em sonho,
Numa viagem.
Não sei se quero dizer
O quão carente
É o ser humano.
Pobre ser
Humano.
Que precisa tanto
Um dos outros
E de si.
Ou se quero falar
Da moral ou da religião
Que dividem, isolam,
Rotulam.
O ser humano é pensante por si.
É a sua teoria
Que importa.
A experiência, a percepção.
Não sei se quero dizer
Que as idéias mudam
E permanecem
Sem avisar se ficam, ou se vão,
Ou se voltam...
Ou se quero falar
Do toque,
Do desejo, da carne,
Da fraca carne
De que o ser humano,
Carente,
Mutante,
É feito.
Do quão magnífico
É o desejo,
É a troca...
Como fazemos nossos momentos,
Inesquecíveis momentos
Que nos tocam
Para sempre.
Não sei se quero dizer
Dos planos vãos
Ou da adaptação
Que a gente deve ter
À vida,
Para ser o que é
E cumprir a missão
De todos:
Ser feliz apenas
E sobreviver.
A tudo. Às ventanias,
Ao pudor,
À hipocrisia,
Ao concreto,
À dor.
À falta de amor,
À moral dos homens,
À solidão, à distância,
Ao apelo das paixões,
Ao coração humano que,
À medida que isola,
Morre.
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