sábado, 26 de julho de 2008

Peixinho dourado

É um pássaro sorridente
Um peixinho, um amor...
Veio pras minhas preces atender,
Pra fazer-me feliz
Quando só havia vazio
E dor.
Oh meu peixinho dourado,
Por que não será para sempre
Meu anjo amado?
De carinho, leveza,
Doçurinhas, beleza?
Quanta falta fazem-me seus rasantes
Terá sido, você, só amante
E não verdadeiro amor?....
Peixinho, querido, do mar...
Queria, contigo mergulhar profundo
Surfar todas as ondas do mundo,
Flutuar...
Quanta falta
Fazem-me seus assuntos,
Seu toque persistente,
Seu sorriso, seu olhar...
Dourado é seu brilho, sua luz,
Seu sol, sua cor...
O céu de seus olhos em mim:
Um mar, um amor.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Um nome num muro, pr'um amor adolescente, platônico...

Cada muro branco
Pintado com seu nome...

Cada casa branca
Pixada, entitulada,
Com teu nome,

Sinais, pegadas, trilhas...
Pistas apagadas
De onde você anda.

Onde você anda,
Ó Towanda?

Tua presença me agoniza,
Tua ausência é minha morte.

Ó talvez eu não suporte.

Será?

Lua



Sóbria e nua Lua,
De meus desejos...
Sóbria e imatura Lua,
Tanto obscurece
Como amanhece
Num relampejo.
Turva e obscura Lua,
A névoa úmida que te envolve
Quantos eus não absorve
Toda noite ...(?)
Pálida e ingrata, Lua...
Qual a face que não revelas
Ao outro lado do horizonte?
Pálida e ingrata, Lua
Do relampejo.
Nua e imatura, Lua,
De toda noite.
Sóbria e turva, Lua,
Tão obscura.
Onde estás?

terça-feira, 8 de julho de 2008

Bruxinha branca










Um canto de galo
quase à meia noite. Estranho...
Mesmo assim esse cantar me comove...
Mariano...
Porque em casa de minha avó
era assim...
O calor forte, as cores vivas,
os cheiros intensos,
que em fumaça se movem,
do cigarro, da comida,
da arruda, da vela.
E os sons... Os pássaros...
O papagaio...
O som da roldana que sobe,
do poço, o balde.
O som da água no tanque...
Das crianças dos vizinhos,
da carne de porco fritando,
da voz chiando baixinho,
uma Ave-Maria, uma reza...
O som da vela queimando
e dos gestos das mãos que fazem
os sinais da cruz,
que se sucedem, um após outro...
O cheiro da pele de minha avó...
O cheiro da minha velhinha.
Da minha bruxinha do bem,
de voz grave e risada alta,
de dente de ouro e cabelos brancos,
tão branquinhos... como de uma bruxa,
uma cigana...
mergulhada na fumaça de seus cigarros,
nos odores daquela casa vermelha
de cera lustrada, o chão...
e suas cores...
A horta, o galinheiro,
os personagens ao redor,
entrando e saindo,
chamando...
Dona Aparecida,
Ô Dona Ap'recida
quase que comendo o segundo "a".
Porque mariano, de Santa Mariana,
como minha filha andreense,
feita por lá...
Que saudade do portão azul,
sempre aberto.
Do loro, dos sons...
do galo cantando,
do sol a pino, das cores tão vivas,
dos cheiros imensos,
das pessoas saídas de um livro,
de um pensamento mais longe
quase um vento...
Que saudade de meu avô.
De seus assovios suspirantes,
de sua língua dobrada,
e suas piadas inocentes,
da sua doçura, seu encanto,
de sua frágil postura
de quem luta contra a doença
e por isso sabe ser doce,
mais doce que tudo.
Daquela casa de mamões,
de flores, borboletas,
chuchus na cerca,
folhas na horta,
galinhas, lavagem...
de abacates e ameixas amarelas,
de chão vermelho,
papagaio verde e
de uma bruxinha branca,
encantada!,tão linda!
Abençoada...
Minha vozinha!
Que saudade de tudo,
de sua casa viva, de você,
de minha família...
De mim, enfim. Cadê?
Aqui! A ouvir um galo na cidade,
à hora de dormir.
Estranho...