quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Etiqueta

(A Manoel de Barros)

Aprendi
A dizer nada
Ficar calada
Concentrada

Muito tempo
Estive às falas
Às favas
Do mundo

(que ria das minhas misérias)

Coisa de poeta
De gente sem noção
Que pensa/que vive
No interno (no inferno)

Encontrei já velha
A máscara
Que todos querem
(uns usam, uns não

- TODOS PREFEREM)

Quem quer a verdade
Quem suporta a verdade
A intempérie
A tempestade?

Vou fazer novos poemas
Sobre o esforço de não ser
O sigilo, a escusa
O secreto, a concha

Poemas sobre o essencial
A polidez admirável
A adequação bem vista
A distância recomendada

Ninguém pode com a verdade
Verdade sem modos
Sem rédeas, sem travas
Educação, religião

VERDADE É COISA PRA CRIANÇA E BEM-TE-VI.

(bem dizia Manoel)

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