quarta-feira, 8 de outubro de 2014

não sei mais falar de amor

falar de amor
eu não sei mais
não sei mais o que é
em quantos se divide
e se é ainda aquele de antes
inadiável
improrrogável
intransferível

não sei mais dessas coisas
porque o amor
essa água que cai de um cascalho alto sobre os ombros
(com a força de uma torrente de água
em cachoeira véu de noiva incrustada em montanha virgem)
pode ser tantos...

eu sabia dele
podia identificá-lo com o corpo
com a alma
com o gosto
com a tara

hoje não
só escrevo o amor
que amor? - duvido
que amor? divido.

aquele amor que toca à distância
inebria os sentidos
e alcança
ainda que ausente de palavras
ainda que ausente inteiramente
se foi com as certeza do ontem
é só fuligem

mas existem outros
cheios de medo, de dedos
vazios de devastação
: irreconhecíveis.

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